Mindelo, 11 Dez (Inforpress) – Artesãos que participam na Feira Nacional de Artesanato e Design (URDI), que arranca hoje, em São Vicente, veem na feira uma montra para dar visibilidade aos seus municípios e partilhar experiências e saberes com os fazedores da arte.
Este é o objectivo que move a artesã da localidade de Fragata, São Nicolau, Edite Dinis, que integra o grupo de 152 artesãos e designers participantes na feira.
A artesã, que estará na URDI pela segunda vez consecutiva. disse que o seu objectivo é “continuar a mostrar a sua arte” de confecção de licores, doces, compotas, sabões e xaropes feita a partir de ervas medicinais, que é “uma valência de Fragata”, localidade que ainda “sofre com problemas de acessibilidade.
“A minha expectativa é continuar a mostrar o meu trabalho, os meus produtos da ilha de São Nicolau, principalmente de Fragata, que é a zona onde eu cresci e que tem um ambiente natural, saudável e tranquilo. Trouxe doces, das quais de papaia com maracujá, que tem muita saída e produtos de ervas medicinais como sabão, xaropes, entre outros”, explicou.
A ideia, segundo Edite, é aproveitar a oportunidade de estar na feira para divulgar os seus produtos, mas também mostrar que se a zona de Fragata tiver investimento reforçará as suas potencialidades, sobretudo, na agricultura e transformação agroalimentar”.
“É uma zona que tem muitas potencialidades na agricultura e da qual poderemos fazer muitas coisas. Mas precisa de investimento, sobretudo, na questão de acessibilidade. porque temos muitas dificuldades para escoar os produtos”, explicou a mesma fonte, relatando que alguns potes de doces que deveria apresentar na feira partiram-se por causa das péssimas condições de acesso.
Quem também se mostrou animado por participar na URDI é o artesão Júlio Ramos, da zona de Picos, São Salvador do Mundo, interior da ilha de Santiago.
O artesão, de 47 anos, dos quais 27 a trabalhar na cestaria, afirmou que o mais importante da feira é poder partilhar a sua experiência e absorver os ensinamentos dos colegas para inovar na arte de cestaria, que é tida como uma “referência de Picos e para ele uma arte familiar”.
“Deixei de frequentar a escola aos 12 anos e comecei na cestaria, porque a minha família era numerosa e não tinha recursos. Hoje é dessa arte que eu vivo e por isso acho que a URDI é um ponto positivo porque ganhamos conhecimento, partilhamos, interagimos uns com os outros e agregamos inovação aos nossos produtos. Dinheiro é bom, mas não é o mais essencial”, frisou a mesma fonte para quem cada município deveria fazer uma feira semelhante à URDI.
Mesma opinião teve Francisco Soares, do município do Tarrafal de São Nicolau, que trabalha na construção civil e faz arte a partir de reciclagem de materiais por divertimento.
“Trabalho com vidro, com material seco, pneu e também madeira. A feira sempre tem acontecido no mês de Novembro, mas como este ano vai acontecer agora em Dezembro, a minha expectativa é que as pessoas comprem mais para oferecer como presente de Natal. Mas o convívio com os colegas é muito importante para trocarmos ideias de como melhorar a nossa arte”, afirmou.
A 9ª edição da Feira Nacional de Artesanato e Design (URDI) arranca hoje na Praça Nova (Praça Amílcar Cabral), no Mindelo, com a exposição de 87 stands, ocupados por 152 artesãos e designers de todos os municípios do País.
O tema deste ano é “(Re)interpretação da matéria”, cuja intenção é reflectir sobre o papel da arte e da cultura na problemática do aquecimento global e na protecção do ecossistema.
Além da mostra de artesanato, a URDI contempla as “Grandes conversas” que tem como um dos destaques o painel sobre Bela Duarte, uma das fundadoras do projecto do Centro Nacional de Artesanato, um encontro com o ministro da Cultura, Augusto Veiga, exposição no Salão Created in Cabo Verde e concertos entre outras actividades.
CD/JMV
Inforpress/Fim
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