Cidade da praia, 03 Ago (Inforpress) - O artesão Sandro Moniz, residente na Praia, onde há vários anos dá vida às peças de madeira, sonha em apresentar os seus trabalhos em grandes eventos do país e também dar a conhecer a sua arte além-fronteira.
Natural de João Teves, concelho de São Lourenço dos Órgãos, no interior da ilha de Santiago, 43 anos, o artista iniciou as suas actividades como artesão em 2005.
Em conversa com a Inforpress, o artesão começou por explicar que começou a trabalhar muito cedo numa oficina, como aprendiz no ramo de carpintaria e marcenaria, e que aproveitava os seus tempos livres para confeccionar algumas peças em miniaturas com os restos dos materiais descartados.
Sandro Moniz afirmou que agora se dedica maior parte do seu tempo a produzir miniaturas, e que nunca se desligou da sua profissão de marceneiro, aliás, que uma complementa a outra. Mas, sublinhou que de quando em vez lhe é solicitado para fazer um ou outro tipo de trabalho, tanto decorativo como mobiliário.
Diz que se entrega aos trabalhos de artesanato com “amor e paixão”, embora reconheça ter nascido com esse “dom divino” e que gosta de partilhar com os mais jovens e não só, o que lhe tem rendido muito respeito e admiração por parte dos seus colegas e pessoas que conhecem a sua produção.
Frisando que na sua linha de produção utiliza tanto materiais à base de madeira como os de metais e vidro, o artista explica que normalmente retrata a cultura Cabo Verdiana e africana, visto que ele se revê como um artista com raiz nos ancestrais do continente. Por isso, explica, o seu trabalho é diversificado e baseado na cultura africana, sempre com produtos reciclados que recolhe na natureza.
Sandro Moniz fez, por outro lado, que o seu trabalho está a correr o mundo, porque os seus clientes revendedores, tanto na ilha de Santiago, como nas ilhas do Sal e S. Vicente, solicitam com frequência os seus produtos para venderem aos turistas que visitam o país, tendo já recebido encomendas de Portugal, Brasil, Senegal e Estados Unidos.
Além do mais, acrescentou que vários emigrantes, no momento de partida, procuram algo que feito à mão e pelos artesãos do país para comprar e levarem como lembranças.
No entanto, assegurou que o seu desejo neste momento é participar nos grandes certames que são realizados no país, com destaque para urdi, para não só apresentar o seu trabalho, mas também trocar impressões e conhecimentos com os demais colegas.
Um amante da natureza, Sandro Moniz gosta de trabalhar ao ar livre, por isso escolheu o parque 05 de Julho como sua oficina, onde produz no meio de plantação de cana-de-açúcar, bananeira, mandioqueira, batateira e entre outros e na companhia de algumas aves e coelhos.
“Gostaria de ter um espaço com ainda melhores condições para também continuar a ensinar os mais jovens”, contou, realçando que já ensinou vários jovens de bairros diferentes e que hoje estão a trabalhar no ramo, o que lhe dá muito orgulho.
À Inforpress manifestou o seu interesse em representar o país em eventos internacionais, porque, conforme argumentou, está sempre preparado para fazer qualquer tipo de trabalho que lhe é solicitado, sentindo-se por isso capaz de representar, com dignidade, o arquipélago país em qualquer parte do mundo.
Por ser um artista que trabalha por conta própria, disse que ainda não dispõe de todos os materiais que precisa. Neste sentido frisou que precisa de algum apoio para produzir em maior quantidade e também continuar a ensinar os mais jovens, porque nem sempre consegue dar resposta às solicitações que recebe.
“Em 2020, fiz uma cabana no bairro de Achada Mato, denominada escola de arte, para ensinar os jovens daquele bairro, mas infelizmente hoje já não existe porque foi retirada todas as madeiras que utilizei e qualquer um pode vê-la na música de Batchar sete perguntas, mas ainda tenho sonho de um dia voltar a fazer isso, caso houve algum apoio”, contou.
Finalizou expressando o seu desejo de ser um dos convidados para participar no Urdi deste ano, embora não disponha de informação de como manifestar o seu interesse em participar, porque não faz parte de nenhuma associação na Cidade da Praia e não possuiu ainda o cartão de artesão.
WN/JMV
Inforpress/Fim
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