Cidade da Praia, 23 Set (Inforpress) – O presidente da Fundação Amílcar Cabral, Pedro Pires, considerou hoje que a África reúne os requisitos agrários, físicos e humanos necessários para, se assim optar, vir a ser o futuro celeiro da humanidade.
Estas afirmações foram feitas hoje na abertura do workshop Internacional “Soil, Food, Society and Freedom in Africa” (Solo, Alimentação, Sociedade e Liberdade em África) realizado na Universidade de Cabo Verde, na cidade da Praia.
Um dos momentos altos foi a apresentação da edição em língua inglesa da obra "Estudos Agrários de Amílcar Cabral" (1988), republicada sob o título “To Defend the Earth is to Defend the Human: Amilcar Cabral on Soil, Society and Freedom" pela pela editora HSRC Press da África do Sul.
Em nome da Fundação Amílcar Cabral, Pedro Pires congratulou-se com esta oportunidade “fecunda” de desenvolvimento de relações de parceria da universidade e do país com as instituições congéneres sul-africanas.
“Estou em crer que essas reflexões e orientações podem ser úteis e aplicáveis ao contexto do combate actual por uma libertação africana plena e pela conquista da sua soberania alimentar”, disse.
Considerou ainda o workshop como uma iniciativa de grande alcance político, científico e pedagógico, sublinhando que a África dispõe de recursos agrários, físicos e humanos necessários para se tornar, se assim o decidir, no futuro celeiro da humanidade”.
“O que interpela frontalmente as lideranças africanas actuais e reclama uma visão política e uma ambição de dimensão continental”, afirmou.
Por seu lado, o conferencista e professor da Universidade do Cabo, Carlos Lopes, explicou que o evento serviu para pré-apresentação do livro e contou com a participação de professores, investigadores africanos e especialistas nas áreas da agricultura e do meio ambiente.
“A ideia é mostrar que Cabral tinha inovado na discussão sobre o meio ambiente e conseguiu através dos seus escritos, como pesquisador agrónomo, mostrar que havia a necessidade de uma relação especial entre o solo e o ser humano”, avançou.
Segundo Lopes, Cabral antecipou questões que hoje fazem parte do debate ambiental, como a necessidade de uma agricultura regenerativa e solidária, e alertou para os riscos da agricultura industrial.
O evento organizado pela African Climate Foundation (ACF) e o Environmental Humanities South (EHS) da Universidade da Cidade do Cabo (África do Sul), em parceria com a Fundação Amílcar Cabral teve por objectivo promover o diálogo para o futuro do continente sobre esta temática.
ET/ZS
Inforpress/Fim
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