Washington, 12 Set (Inforpress) - O chefe da diplomacia polaca defendeu hoje que o Presidente norte-americano, Donald Trump, precisa de compreender que o líder russo, Vladimir Putin, está a gozar com ele e com as suas iniciativas de paz para a guerra na Ucrânia.
Radosław Sikorski fez esta análise numa entrevista à estação PBS News, citada pela agência de notícias ucraniana Ukrinform.
"Todos nós, como vizinhos da Ucrânia e da Rússia, queremos ver a paz restaurada, mas acreditamos que Putin só responde às ações mais contundentes e que Putin se tem vindo a aproveitar da boa vontade do Presidente Trump há muito tempo", frisou o ministro polaco.
Para Sikorski, já é tempo "de o Presidente Trump perceber que Putin está a gozar com ele".
"Em vez de um cessar-fogo que deveria acontecer antes da Cimeira do Alasca e de negociações de paz sérias, Putin está a enviar cada vez mais drones, primeiro contra a Ucrânia e agora contra a NATO", enfatizou Sikorski.
O chefe da diplomacia polaca manifestou esperança de que, no final deste processo, existam "uma série de ações coordenadas para fazer com que o Presidente Putin perceba que este projeto exótico de reconstrução do império russo não se irá sustentar".
Questionado sobre se a Europa está preparada para castigar ainda mais Moscovo, Sikorski recordou que Trump "também pediu a toda a Europa que deixe de importar petróleo russo" e que "os dois países que o estão a fazer são a Eslováquia e, em particular, a Hungria, que é governada por um governo populista".
"Por isso, esperamos que o Presidente Trump faça o apelo a Budapeste e peça a Viktor Orban que deixe de importar petróleo russo e o importe de outras fontes", vincou.
O Conselho de Segurança da ONU marcou hoje para sexta-feira uma reunião de urgência, a pedido da Polónia, após a intrusão de drones russos suspeitos em território polaco, anunciou a presidência sul-coreana do órgão.
A reunião está marcada para 15:00 (20:00 em Lisboa) e conta com o apoio de vários membros do Conselho, como Eslovénia, Dinamarca, Grécia, França e Reino Unido, indicaram fontes diplomáticas à agência de notícias France-Presse (AFP).
A Polónia pretende "chamar a atenção do mundo para este ataque sem precedentes de drones russos contra um país que não só é membro da ONU, como da União Europeia e da NATO", referiu o chefe da diplomacia polaco, Radoslaw Sikorski, à rádio RMF-FM.
Sikorski adiantou que a intrusão "não é apenas um teste para a Polónia, é um teste para toda a NATO, não só militar, mas também político".
Na quarta-feira, o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, reportou 19 violações do espaço aéreo durante a madrugada. A incursão dos drones não provocou feridos, mas uma casa e um carro ficaram danificados no leste do país.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já causou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia a cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado, em ofensivas com drones, alvos militares em território russo e na península da Crimeia, ilegalmente anexada por Moscovo em 2014.
Inforpress/Lusa
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