Cidade da Praia, 16 Out (Inforpress) – A subsecretária-geral das Nações Unidas e conselheira especial para África, Cristina Duarte, disse hoje que chegou o momento de se ver a diáspora cabo-verdiana muito além de fornecedora de capital e consumidora de produtos de saudade.
A conselheira falava hoje à imprensa, no âmbito do Congresso Internacional de Quadros Cabo-verdianos, que decorre até sexta-feira, 17, na cidade da Praia, sob o lema “Um diálogo entre o país e a diáspora”.
Questionada sobre como é que a diáspora pode ser integrada de forma sustentável no desenvolvimento de Cabo Verde, enquanto oradora do painel sobre esta temática, Cristina Duarte realçou que a diáspora “é muito mais do que mandar dinheiro e comprar latas de atum”.
“A diáspora é uma infraestrutura de activos intangíveis. A nossa diáspora tem estado ou está em países de primeiro mundo, ou seja, com uma exposição elevada, quer em termos regulatórios, de métricas e regulatórios”, afirmou.
Neste sentido, defendeu que chegou o momento de se ver a diáspora muito além de fornecedor de capital e de ser a consumidora de produtos de saudade, sublinhando a importância de se aproveitar o potencial que tem para o desenvolvimento de Cabo Verde.
“O que é que ela pode trazer, pode colocar sobre as nossas mesas? Isto no caso de Cabo Verde é determinante porque nós somos 500 mil em Cabo Verde, mas inseridos, ou devíamos estar inseridos, num mercado de 470 milhões”, frisou.
Segundo a mesma fonte, um país pequeno num mercado de 470 milhões só vai conseguir se inserir num mercado regional de outra forma se abraçar os activos intangíveis que a diáspora oferece.
“E a diáspora pode ser a peça da educação, da equação que nos faça dar o clique”, considerou, para quem “é preciso sair da perspectiva economicista essencialmente determinada por teorias neoliberais que dominaram o conhecimento científico nos últimos 50 anos”.
Igualmente, reforçou que é essencial olhar para a diáspora para além do capital financeiro e do consumo, assim como entendê-la não apenas como a 12.ª ilha, mas sim como um Cabo Verde que está em permanente circulação pelo mundo.
Sobre a realização deste Congresso disse tratar-se de “uma grande iniciativa”, pelo que aproveitou para parabenizar o Governo e a Comissão Organizadora pela sua realização.
“Eu acho que é ter estas conversas, discutir-se estes assuntos que poderemos produzir contribuições válidas para a mudança de paradigma e o redesenho das políticas públicas”, concluiu.
ET/AA
Inforpress/Fim
Partilhar