Cidade da Praia, 27 Mar (Inforpress) – A ex-secretária-geral do MpD destacou a evolução muito positiva registada no país a nível de mulheres na política reconhecendo a necessidade de novas medidas e de uma maior promoção também junto das famílias e da sociedade civil.
Filomena Delgado, que é também membro da Direcção do Conselho Nacional do Movimento para a Democracia (MpD, poder), fez estas afirmações em declarações à Inforpress, quando abordava a questão da participação de mulheres na política, géneros e estereótipos, no âmbito do Dia da Mulher Cabo-verdiana que se assinala a 27 de Março.
Ao fazer uma abordagem dos passos que Cabo Verde tem trilhado na criação de medidas e implementação de políticas visando garantir uma maior participação de mulheres na política, Filomena Delgado lembrou que do período da independência até 2021, os ganhos alcançados são “notáveis”.
“Se formos ver ainda na altura da independência, durante o período de partido único não havia muitas mulheres no parlamento. O número de mulheres era reduzido e não havia mulheres no Governo. Com o pluripartidarismo, tivemos apenas três mulheres eleitas como deputadas num total de 76 assentos parlamentares”, salientou.
Até 2016, realçou, quando ainda não havia a lei da paridade que se aplica aos órgãos colegiais, nomeadamente, as câmaras municipais, assembleias municipais e ao parlamento, o número de mulheres foi aumentando, tendo no entanto frisado que esse aumento não foi “expressivo”.
Considerou que com a aplicação da referida lei pela primeira vez, nas eleições autárquicas de 2020, houve um aumento do número de vereadoras nos municípios, deputadas municipais, referindo que a participação de mulheres na política aumentou com esta medida legislativa.
Filomena Delgado lamentou o facto de ainda a nível das câmaras municipais, os partidos políticos não terem apostado em mulheres por diversas razões, apontando que até à presente data, Cabo Verde tem registo de somente três mulheres que foram eleitas presidentes das câmaras municipais.
“Não sabemos concretamente que razões levam a não se apostar em mulheres para cabeças-de-lista. No caso do MpD, por exemplo, estabeleceu-se que os incumbentes desde que estivesse bem nas sondagens seriam candidatos e, no entanto, como a maioria dos incumbentes eram homens, à partida, isso limitava muito a participação de mulheres”, frisou.
Reforçou, neste sentido, que os actores políticos devem debruçar-se um pouco sobre esta questão para analisar e saber as causas desta “não aposta” nas mulheres como candidata cabeça-de-lista a presidente de câmara municipal.
“Eu penso que é um trabalho que o MpD terá de fazer, terá de analisar o porquê das mulheres não estarem a ficar bem nas sondagens, para vermos também o que fazer para melhorar. No entanto, as mulheres que querem ser candidatas às câmaras municipais tem de, também, começar um trabalho árduo quatro anos antes das eleições autárquicas”, defendeu.
Reconheceu, por outro lado, que os vários desafios que Cabo Verde tem para enfrentar no que se refere à promoção e garantia de uma maior participação de mulheres na política, afirmando que apesar dos desafios, as mulheres têm tido um bom desempenho a nível do parlamento tanto em debates políticos como a nível das intervenções no parlamento.
“Há um trabalho que é preciso ser feito junto das famílias, da sociedade cabo-verdiana, na educação para que haja um equilíbrio entre mulheres e homens na política. Já percorremos muito caminho, mas vamos ter de continuar a trabalhar nesta questão da igualdade de género entre homens e mulheres", declarou, salientando que “a mulher na política melhora a política”.
Ao lançar o olhar analítico sobre como poderá estar a situação das mulheres na política daqui a alguns anos, Filomena Delgado frisou que as perspectivas não são de que a situação irá melhorar expressivamente, daí a necessidade de novas medidas de políticas para que a mulher cabo-verdiana tenha uma maior representação a nível político.
CM/HF
Inforpress/Fim
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