Mindelo, 15 Abr (Inforpress) - O patrocinador da Associação Regional de Futebol de São Vicente na organização da Liga Fabio Zuccheri, em sub-13, disse hoje à Inforpress que poderá suspender o patrocínio se persistirem os casos de violência após os jogos.
Dario Andrian, que é Presidente da Associação Friuli para Capo Verde, manifestou-se preocupado com os casos de violência que tem acontecido no decorrer do campeonato sub-13, no Campo de Bitim, em Monte Sossego, sobretudo com o envolvimento do público e dos treinadores das equipas, e com agressões a equipas de arbitragem.
“Há pessoas adultas envolvidas, algumas fazem parte da torcida, outras são treinadores das equipas. No final dos jogos entraram em campo e começaram a brigar, a ofender, a dizer palavras feias e já até agarraram um árbitro pelo pescoço e isso é inaceitável quando estão envolvidas crianças, porque é um péssimo exemplo”, alertou o patrocinador.
Segundo Dario Andrian, à semelhança do que acontece na Itália, sua terra natal, onde também faz parte de um comité organizador de um torneio de futebol de crianças, teve ideia de criar a liga sub-13, junto com a Associação Regional de São Vicente, porque na ilha existiam apenas as competições sub-15, sub-17 e sub-19.
Explicou que a primeira edição da liga teve a participação de 12 equipas, foi reconhecida pela FIFA e ganhou uma geminação com o Torneio Fábio Zuccheri, na Itália.
E, acrescentou, nesta segunda edição, já são 16 escolas de futebol a participar e a ideia é ter 20 no total, pelo que, enquanto patrocinador da competição, não pode ficar em silêncio diante do que está a acontecer.
“É uma coisa grave que tem que ser explicada também à população, ao público, que tem que saber que essas coisas não se devem absolutamente fazer e acontecer quando estão envolvidas crianças. Nós sabemos que o mundo do desporto é um meio de comunicação e educação e temos que cuidar e assumir a responsabilidade em termos da educação e de transmitir os valores às crianças”, criticou.
Dario Andrian diz entender que o futebol é uma competição que deixa as pessoas com os “nervos à flor da pele”, mas considerou que numa competição desta natureza o que vale é a participação das crianças, independentemente de vitória ou derrota.
“Eu sei que por causa da paixão pelo futebol, de vez em quando, as pessoas podem exagerar, mas têm que ser sempre dentro de alguns limites. Não se pode criar conflitos com pessoas do público ou a arbitragem num jogo de crianças. Vão aí para jogar, para praticar com muita paixão, com muito entusiasmo, um jogo de futebol” considerou, lembrando dos sacrifícios que as crianças fazem para participar nesta competição.
O mesmo recordou ainda que televisões, rádios e jornais da Itália tem reportado constantemente sobre o desenvolvimento desta liga em São Vicente, pelo que esses “casos de violência podem criar danos à imagem de Cabo Verde”.
Por isso pediu também uma posição da Associação Regional de Futebol para que esses casos não voltem a acontecer.
Abordado pela Inforpress, o presidente da Associação Regional de Futebol de São Vicente (ARFSV), Amílcar Rocha, classificou de “vergonhosa” a situação e disse que, como medida, a associação decidiu suspender o jogo para o 3º e 4º lugar da Liga Fabio Zuccheri, em sub-13, mantendo apenas o jogo da final, que deverá acontecer na terça-feira, 16.
“Nesses jogos, os resultados não interessam, não há cartão, não há sanções e todas as crianças têm que entrar em campo obrigatoriamente, senão as equipas perdem um ponto. A filosofia do campeonato é que todos joguem, brinquem e participem porque é uma forma de socializar as crianças e introduzi-las no mundo do futebol, pelo que essas atitudes são reprováveis”, finalizou o responsável da ARFSV.
CD/AA
Inforpress/Fim
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