São Vicente: Maria do Céu sente “orgulho” em ser peixeira e dar continuidade à “herança” da família

Mindelo, 17 Mai (Inforpress) - A peixeira Maria do Céu Guilherme, 52 anos, está há mais de 30 anos a exercer a profissão e sente-se “orgulhosa” por dar continuidade a uma “herança de família” que já conquistou quatro irmãs.

O dia-a-dia de Céu, como é mais conhecida, acontece no Mercado de Peixe do Mindelo, que considera ser a sua “segunda casa”, desde os 20 anos, quando decidiu seguir as pegadas da irmã mais velha, que também é peixeira.

Aliás, na sua família ser peixeira já é “uma herança”, principalmente entre as irmãs, que já contam em quatro trabalhando no ramo.

“Tenho todo o orgulho em ser peixeira, porque é através de nós que as pessoas conseguem colocar o melhor peixe à mesa”, considerou, adiantando que a melhor arma para a conquista de clientes, com certeza, é a simpatia.

Por isso, assegurou, é com um sorriso nos lábios que recebe as pessoas que frequentam o mercado e com este mesmo rosto risonho, grita a plenos pulmões “Oli pex!”, (aqui está o peixe, em português).

Nem por sombra abaixa a cabeça face às dificuldades da sua escolha, que, embora, “dura” a permitiu criar as três filhas, já adultas, e até ter, em parceria com uma das irmãs, uma micro-empresa de venda de peixe, que a possibilita fazer os descontos para a previdência social e garantir uma reforma na velhice.

Até porque, como disse, vai ser peixeira até à morte.

Daí, a “alegria” de pela primeira vez comemorar o Dia Nacional das Peixeiras, instituído pelo Governo a partir de uma proposta da Associação de Peixeiras do Mindelo (APM), instituição da qual faz parte.

O Dia Nacional das Peixeiras coincide com o dia da criação da APM, 17 de Maio, e que hoje assinalou a data com várias actividades.

Primeiramente, foi organizado um acto central, no pátio da Réplica da Torre de Belém, onde a APM tem sede, com peixeiras e representantes de instituições públicas, privadas e da sociedade civil, ligadas ao sector das pescas e à promoção da igualdade e equidade de género.

O evento contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, que se vangloriou por a data estar a ser comemorada pela primeira vez e partindo da iniciativa das mulheres de São Vicente, ilha onde, “têm nascido grandes feitos de Cabo Verde”. O ministro Mar, Abraão Vicente, e o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, também deixaram, via vídeo, uma mensagem de incentivo às mulheres do mar.

Além da actividade central, o programa contemplou a apresentação do livro de receitas à base de peixe denominado “Nôs Mar, Nôs sabor”, que com dez receitas do chef Lamine Medina, revela pratos preparados a partir de espécies menos consumidas normalmente.

No final do dia, a Associação de Peixeiras do Mindelo inaugura, no Centro Cultural do Mindelo, a exposição fotográfica "Pexeras d'Soncente", um registo visual da fotógrafa Tânia Macera que pretende reconhecer as profissionais da actividade de comercialização dos produtos de pesca.

Para encerrar as actividades do Dia Nacional das Peixeiras, será apresentado o espectáculo teatral "Peles” no auditório do Centro Cultural do Mindelo, e que terá repetição no sábado, 18.

LN/CP

Inforpress/Fim