São Vicente: Festival Pão e Fonema tem propósito de estender literatura ao público em geral - Organização

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São Vicente: Festival Pão e Fonema tem propósito de estender literatura ao público em geral - Organização
05/05/24 - 08:33 pm

Mindelo, 05 Mai (Inforpress) - A coordenadora adjunta do curso de Estudos Cabo-verdianos e Portugueses da Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), no Mindelo, disse hoje que o Festival Literário “Pão e fonema” tem o objectivo de levar a literatura ao público em geral.

Eliane Semedo falava aos jornalistas no Palácio do Povo, em São Vicente, na abertura do referido festival que homenageia o falecido poeta sanvicentino Corsino Fortes.

Segundo a mesma fonte, a ideia é que a a literatura não fique só na academia, mas que se estenda às escolas, ao público em geral e seja acessível a todas as pessoas.

“Nós pretendemos que a literatura seja acessível a todas as pessoas, não fique só na academia, mas que se estenda às escolas, ao público em geral. Então, programamos primeiro uma sessão de homenagem a Corsino Fortes, que é essa sessão solene de abertura, em que vamos ter uma conferência com o doutor Francisco Topa, da Universidade do Porto. Depois dessa sessão de homenagem, ele vai falar sobre a poética de Corsino Fortes.

Conforme a docente, a escolha do poeta para essa homenagem deve-se à simbologia que ele representa para a cidade de Mindelo, à sua história, ao seu legado, aos seus escritos.

“Escolhemos o Pão e Fonema, a sua primeira obra, e também pelo facto de mostrar que a literatura pode ser acessível a todas as pessoas. Espera-se que as pessoas entendam e percebam que a leitura está acessível a todos, que é muito simples e é muito prazerosa, e que a educação pode desenvolver muito mais ainda a nossa sociedade”, lançou a mesma fonte, para quem o festival tem o propósito de atingir várias camadas da sociedade.

“Nós queremos atingir tanto a parte da academia, com o ciclo de conferências, então temos lá uma parte mais reflexiva, mais profunda, mais crítica da literatura. Temos também a parte mais educativa em que vamos levar os escritores às escolas para fomentar nas crianças o incentivo à leitura e o desejo de sair um pouco das telas e entrar no mundo da literatura”, explicou.

Para o docente do Departamento de Estudos Portugueses e Estudos Românicos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Portugal), Francisco Topa, que discorreu sobre a obra de Corsino Fortes, a sua poesia é moderna porque rompe com esquemas tradicionais que se volta para outros horizontes estéticos e que cria ela própria, em grande medida, os seus instrumentos de dizer.

“Cabe a cada um de nós, leitores, o exercício humilde de aprendermos a lê-lo, lendo. No caso concreto de Corsino Fortes o ponto de partida, apesar de inovador e provocador nem é, creio eu, particularmente difícil tanto mais que denota ainda alguma continuidade face à tradição iniciada com a famosa revista Claridade”, considerou, reforçando que se trata em parte da afirmação de uma identidade própria insular e da abordagem de alguns dos seus condicionalismos e problemas.

Na visão de Francisco Topa, Cabo Verde é a face mais imediata e visível na poesia de Corsino Fortes porque o arquipélago é apresentado a partir de alguns dos seus elementos naturais, como o vento, evocado através de metáforas.

Além da sessão de abertura, a  1.ª edição do Festival Literário de Mindelo “Pão e fonema” contemplou neste primeiro dia uma "Viagem literária a Mindelo", liderada pelo docente da Uni-CV, Carlos Santos. 

A actividade traduziu-se num roteiro, pela cidade do Mindelo, centrada na literatura cabo-verdiana, principalmente os escritores que tiveram uma vida em São Vicente, da geração caridosa e pós-caridosa, nomeadamente Baltasar Lopes, Manuel Lopes, Teixeira de Sousa e Jorge Barbosa.

“Iremos passar pela Galeria Alternativa, que foi também a casa da revista Ponto e Vírgula, onde temos, por exemplo, figuras como Leão Lopes ou Germana Almeida, e procuramos, durante uma hora, fazer esse percurso. Vamos tocando as habitações dos antigos escritores e falamos um pouco sobre a sua vida e sobre a sua obra, e terminamos com uma leitura de um excerto referente a esse mesmo autor”, explicou o professor, para quem São Vicente é cidade literária pelo que é preciso mostrar a história da literatura cabo-verdiana, centrada na ilha em São Vicente, e sensibilizar as pessoas a consumi-la.

Como parte da programação do festival, será inaugurada na Praça Nova, na segunda-feira, a exposição "18 Momentos" em xilogravuras, que procura representar a história da literatura cabo-verdiana, o evento “Literar a Cidade”, que consiste em fixar excertos da obra de Corsino Fortes nos cafés, lojas, restaurantes e locais públicos da cidade do Mindelo.

Haverá também um ciclo de conferências sobre literatura com a participação de Rui Guilherme da Silva, Hilarino da Luz, Francisco Topa, Élter Carlos e dos jornalistas Margarida Fontes e Nuno Ferreira, entre outros convidados no auditório da Faculdade de Educação e Desporto (FAED) da Uni-CV.

CD/ZS

Inforpress/Fim

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