Mindelo, 03 Set (Inforpress) - A Associação Agropecuária do Calhau, em São Vicente, alertou hoje para o perigo do abate descontrolado das acácias para a produção de carvão e apelou à criação de uma legislação que regule a actividade.
Em entrevista à Inforpress, o presidente da associação, Eder Rodrigues, alertou que na tempestade de 11 de Agosto as cambotas foram entupidas por galhos de acácias, que criaram uma espécie de "casa de castor", impedindo o curso normal da água.
Uma chave de dois bicos já que para os homens da terra, as acácias, que competem por água com outras culturas e que colocam em causa a produção, por outro seguram a terra para não ser levada pela enxurrada em dias de chuva.
"Entendo que seja um meio de vida, mas quando se faz o corte e deixa-se para trás o entulho, as galhas no chão, em dias de chuva é carregado e enrosca-se nas outras árvores, entope as cambotas e desvia a conduta de água, o que acaba por provocar maior destruição", explicou o agricultor, que teme que as acácias provoquem novas enchentes nas próximas chuvas.
Desta forma propõe que seja criada uma legislação para que o abate das árvores "seja feito de forma ordeira", sem prejudicar a natureza nem as comunidades locais, e que sejam aplicadas coimas para quem não cumprir as regras.
Em alternativa, Eder Rodrigues sugere que as pessoas e empresas que operam no ramo do carvão procurem o Ministério da Agricultura para que lhes seja atribuída uma área específica para procederem a extracção de madeira.
O pedido da associação visa evitar novos problemas e inundações causados pelo descarte incorrecto do material das acácias nas ribeiras, algo que já se tornou recorrente.
SN/CP
Inforpress/Fim
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