Cidade da Praia, 27 Dez. (Inforpress) - A bancada municipal (cessante) do MpD em São Lourenço dos Órgãos esclareceu hoje que o Fundo de Financiamento Municipal, aproximadamente nove mil contos, “foi utilizado para o pagamento do subsídio de reintegração e remuneração de dívidas com fornecedores”.
Em conferência de imprensa realizada esta tarde na sede nacional do Movimento para a Democracia (MpD), na cidade da Praia, o líder da bancada parlamentar dos “ventoinhas” da gestão anterior, sublinhou que “o subsídio de reintegração é um direito legalmente previsto” e que “todas as equipas cessantes, de qualquer partido, ou gestão, têm tido acesso a este subsídio”.
Antunes Marques, que se fez acompanhar de elementos que constituíram a bancada que liderava, considerou “antiética e imoral” a comunicação do PAICV (partido vencedor no escrutínio do 1º de Dezembro), alegando que “omite informações importantes, distorce factos e cria um discurso de vitimização”.
Em relação à dívida herdada de 400 mil contos, denunciada pela actual equipa camarária, liderada por Euclides Cabral, Antunes referiu “que a equipa chefiada por Carlos Vasconcelos deixou uma dívida de apenas 172 mil contos” justificando que “400 mil contos é o total da dívida, somando com a da equipa liderada por Victor Baessa, presidente de 2005 a 2016”.
“Em 2016, quando o engenheiro Carlos Vasconcelos assumiu a presidência da câmara, a situação financeira encontrada era, no mínimo, desastrosa: dois meses de salários em atraso, cofres vazios e uma dívida astronómica de 320 mil contos”, realçou Antunes.
Questionado se não considera antiética privilegiar o pagamento de subsídio de reintegração aos vereadores cessantes em vez de remunerar os trabalhadores da autarquia, o porta-voz disse que “não considera nada antiética”, e acusou a nova equipa camarária da demora “por causa de um conflito interno em nomear o secretário municipal”.
“A equipa liderada por Euclides Cabral já sabia perfeitamente das condições financeiras da câmara. Significa que ele estava na posse dos documentos da conta da câmara e teria de uma certa forma de arregaçar as mangas, em vez de procurar espaços públicos para encontrar um culpado, devia ser um criador de soluções”.
Referiu, por outro lado, que a “situação financeira na Câmara Municipal do Órgãos sempre foi complicada”, argumentando que “durante os seus dois primeiros mandatos” o PAICV adoptou “políticas irresponsáveis, como a contratação de 300 funcionários, sobrecarregando um município pequeno e comprometendo a sustentabilidade financeira da instituição e de muitas famílias”.
A nova equipa camarária saída das eleições autárquicas do 1º de Dezembro denunciou a câmara cessante de ter apoderado do Fundo do Financiamento Municipal para pagar o subsídio de reintegração e de deixar os cofres vazios, com apenas 58.000 escudos, enquanto os trabalhadores ficaram sem os seus salários.
Refira-se que, à luz dos Estatutos dos Eleitos Municipais, os ex-autarcas devem receber o subsídio de reintegração até que sejam reintegrados na actividade que, anteriormente, exerciam ou arranjarem outro emprego.
SR/ZS
Inforpress/Fim
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