*** Marli Coutinho Mendes, da Agência Inforpress***.
João Teves, 07 Jan (Inforpress) – Maria Gorete Baessa Silva dos Reis, conhecida carinhosamente como Belita, tem se destacado como um exemplo de força e resiliência, na pequena localidade de Buguenti em São Lourenço dos Órgãos, interior da ilha de Santiago.
Com 52 anos, ela é uma doceira apaixonada e a proprietária do “Doces Sabor de Amizade” e, em entrevista à Inforpress, contou que a sua jornada começou num momento de dificuldade, em 2017, quando viu as suas filhas sofrerem com a falta de recursos para o transporte e materiais escolares.
Belita, que é ajudante de serviços gerais na câmara municipal local, encontrou na confeitaria uma forma de garantir o sustento da família e de proporcionar os seus filhos uma educação diferente para terem acesso à escola, mas, ensinando-lhes também o valor de cada luta e o sabor das vitórias.
Mesmo sendo funcionária, desabafou que o seu salário não era suficiente para cobrir todas as despesas, e a situação agravou-se quando, num momento de desespero, ela viu-se incapaz de pagar 40 escudos pelo transporte da filha.
Decidida a mudar a sua realidade, pediu à sua mãe um empréstimo de 500 escudos. Para a sua surpresa, a sua mãe não apenas atendeu ao pedido, mas também deu a ela um valor maior, sem esperar o retorno.
“Com esse dinheiro, comprei ingredientes, e logo me vi vendendo doces de calabaceira porta-a-porta”, recordou, realçando que “o sucesso foi imediato”, pois, no primeiro dia, vendeu tudo o que produziu e, com o lucro, comprou mais ingredientes.
A cada dia, a sua produção aumentava, e ela não hesitou em experimentar novas receitas, como o doce de coco.
A sua vida mudou ainda mais quando foi convidada para participar de uma formação voltada para confeiteiras e empreendedores.
Apesar dos desafios que enfrentava, equilibrando o seu trabalho na câmara, um serviço extra que prestava a terceiros e a produção de doces, ela dedicou-se com afinco à formação.
“Aprendi não apenas sobre a produção de doces, mas também sobre gestão e marketing”, sublinhou, acrescentando que com isso, passou a diversificar o seu cardápio, incluindo doces de leite, mancarra, papaia, azedinha, tambarina, coco, beterraba e cenoura, mas também a criar páginas nas redes sociais e a divulgar os seus produtos.
Em Janeiro de 2023, a sua vida tomou um novo rumo quando foi diagnosticada com cancro de mama, e apesar do diagnóstico, a sua determinação não a abandonou e agora, são os seus filhos e o seu marido que a ajudam na produção, sempre sob a sua supervisão.
Embora tenha sido obrigada a interromper as vendas na rua, a sua clientela fiel vai comprar na sua casa, e ela já recebe encomendas de várias partes da ilha.
Com este negócio diz sentir-se “orgulhosa”, pois a sua primeira filha já fez a sua licenciatura, a segunda se encontra na universidade e o filho mais pequeno no Ensino Secundário, e todos são beneficiados com os frutos do trabalho da sua mãe, que, mesmo diante das adversidades, sempre encontrou um jeito de seguir em frente.
Além dos doces, a família também produz donetes, bolos de areia e bolos para aniversários, casamentos e baptizados, compartilhando que o seu negócio é rentável não pelos lucros acumulados numa conta bancária, mas pela capacidade de colocar os seus filhos na escola, desde o liceu até a universidade.
Para finalizar, a mensagem que esta empreendedora deixa para todos, independentemente de idade ou género, é clara, que “procurem algo para fazer, driblando as situações da vida e sempre colocando Deus à frente”.
Considera que a sua história é “um poderoso lembrete” de que, mesmo em meio a dificuldades, é possível encontrar um caminho para a realização e o sucesso, deixando claro que o sonho de ter um espaço próprio para a produção e a venda continua sendo a sua luta e foco.
MC/ZS
Inforpress/Fim
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