Santiago Norte: Lantuna intensifica sensibilização para protecção da Garça-vermelha que se encontra ameaçada

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Santiago Norte: Lantuna intensifica sensibilização para protecção da Garça-vermelha que se encontra ameaçada
17/05/24 - 03:43 pm

Assomada, 17 Mai (Inforpress) - A Associação Não Governamental Lantuna tem em andamento um projecto de sensibilização para a proteção da Garça-vermelha (Ardea purpurea bournei) de Cabo Verde, uma ave endémica da ilha de Santiago e que se encontra ameaçada.

A informação foi avançada à imprensa hoje pelo técnico da Lantuna, Samir Martins, que também é o coordenador do projecto Garça-vermelha na ilha de Santiago, reforçando que esta espécie existe somente na ilha e que se encontra “criticamente ameaçada” com a recolha dos ovos e a captura.

Segundo este responsável, o projecto visa procurar e identificar as colónias, ter um número de indivíduos, conhecer o comportamento ecológico e a sua dieta alimentar, as ameaças.

Igualmente, estão a trabalhar na sensibilização da sociedade, desde as escolas aos agricultores e comunidade em geral de forma a tentar minimizar as ameaças, justificando que muitas vezes as pessoas capturam esta espécie para comer, crianças invadem os ninhos, o que acaba por colocar em perigo a espécie.

Outrossim, Samir Martins ressaltou que pretendem dar a espécie um estatuto, salientando que a nível nacional é uma espécie ameaçada, mas a nível mundial não, daí “não existe um consenso entre os naturalistas se a Garça-vermelha é uma espécie endémica ou se é uma sub-espécie”, e que neste sentido estão a recolher amostras para fazer estudos genéticos para avaliar se é endémica de Cabo Verde ou não, e a partir disso é possível criar um plano para esta ave. 

A Lantuna tem em andamento um plano de monitorização anual, e Samir Martins informou que os técnicos normalmente saem de madrugada para fazer o levantamento de onde se encontram as colónias, as antigas que já se encontram identificadas, vão visitá-las para ver como estão e depois visitam alguns sítios que entendem ser propícios para a ave reproduzir, perguntando às pessoas nas localidades se têm visto esta espécie. 

Este ano, indicou que já identificaram mais seis colónias novas, nomeadamente em Junco em Assomada, três em São Domingos, Saltos em Santa Cruz, e em Santa Catarina, Assomada, mais concretamente em Boa Entrada, contou que tinha uma colónia grande mas que esta extinguiu-se e agora, teve informações da população local que esta ave já regressou ao local, tendo os técnicos confirmado com alguns rastos, pois durante o dia Samir reforçou que é difícil encontrá-los.

Questionado se têm ou não noção do número de indivíduos que existem, o técnico informou que no último estudo feito há alguns anos tinham registado 60 casais, mas que neste momento somente foram contabilizados cerca de 40 casais, sublinhando que provavelmente houve uma diminuição, o que representa uma preocupação para a Lantuna.

Diante deste cenário, sustentou que vão continuar a trabalhar para minimizar essas ameaças que persistem, como a captura, invasão dos ninhos para roubar os ovos e destruição das árvores onde vivem, o que representa “crimes graves e que põem em causa a existência destas aves”.

Nestas acções de sensibilização avançou que mostra a sociedade a importância desta espécie para a agricultura, pois alimenta de pragas o que ajuda na agricultura, ou seja, do seu papel no equilíbrio ecológico, mas também por ser uma espécie existente somente na ilha de Santiago.

Sobre casos práticos de sucessos da campanha de sensibilização, Samir Martins indicou o caso de São Domingos, explicando que houve alguém que apanhou uma Graça-vermelha e as pessoas que presenciaram o acto entraram em contacto com a Lantuna que foi recuperar o animal, que infelizmente acabou por falecer.

Ainda no âmbito deste projecto, informou que estão a colocar equipamentos de GPS para monitorizar os movimentos desta ave durante um ano, o que lhes possibilita ter conhecimento das áreas que frequentam.

Samir Martins finalizou pedindo a todos que se unem à esta causa, protegendo esta espécie, mas também tantas outras que existem para não correr o risco de extinção.

MC/CP

Inforpress/Fim

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