Assomada, 16 Mar (Inforpress) – Um grupo de 41 crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE) do concelho de Santa Catarina recebeu hoje consultas com diversos especialistas, acção organizada pela Equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva (EMAEI).
A coordenadora da equipa EMAEI do Ministério da Educação, Ana Eloisa Morena, explicou que trabalham directamente com as crianças com NEE nas escolas e decidiram encetar contactos e fazer parcerias para estas consultas, porque ao acompanharem as crianças na escola têm deparado elas necessitam de seguimento com especialistas.
E, hoje, a Delegação Escolar de Santa Catarina, sob a coordenação da EMAI, uniu esforços com o programa Special Olympics Cabo Verde e a Delegacia de Saúde de Santa Catarina e ofereceu a estas crianças consultas de Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Neurologia, Estomatologia, Nutricionista e Clínico Geral, justificando que muitas vezes os pais queixam-se de várias dificuldades que os impeçam de levar os filhos a estas consultas.
Destas dificuldades apontou a questão financeira, distância das localidades e falta de especialistas na região, mas também destacou que muitos pais reclamam que mesmo que tentem não conseguem essas marcações.
Neste momento informou que no concelho de Santa Catarina, interior de Santiago, a EMAI tem conhecimento de 125 crianças com NEE, mas que se encontram sinalizadas até então são 77 crianças, sendo 18 no pré-escolar, mas que estão nos processos legais para concluir a sinalização das restantes.
Sobre as maiores dificuldades que estas famílias enfrentam indicou a atribuição da pensão social a estas crianças, ressaltando que a EMAI está a trabalhar em conjunto com a delegada de Saúde do concelho, no sentido de conseguirem o relatório médico que é o documento que mais exigem para que estas famílias possam beneficiar da pensão que é um dos direitos das crianças com NEE.
Da parte do programa Special Olympic CV, o presidente, José Rodrigo Bejarano, explicou que dentro do programa há a vertente da saúde familiar, em que o grupo de médicos voluntários do programa se deslocam para diferentes localidades para atendimento, em parceria com as delegacias de Saúde e com as delegações escolares de cada município.
O foco, conforme sublinhou, é unir esforços para trabalhar e garantir a inclusão dessas crianças, mas também fazer com que as famílias se sintam abraçadas pelas instituições no processo de cuidados com os filhos, principalmente na saúde das crianças com deficiência, sobretudo intelectual.
Este dirigente avançou que o intuito é fazer com que este programa abranja toda a ilha de Santiago, ainda este semestre, e que já no segundo semestre deste ano possam alcançar outras ilhas, nomeadamente Maio, Fogo e Brava, dependendo dos parceiros locais.
Questionado sobre os desafios que podem comprometer o andamento deste programa e projecto, evidenciou que os médicos são todos voluntários, mas que muitas vezes não conseguem reunir todos devido a disponibilidade de cada um e mesmo o staff.
Mas a ideia, continuou, é trabalhar em conjunto com a equipa, pais e encarregados da educação, parceiros institucionais, para que o programa possa ter longevidade e beneficiar todas as crianças que necessitam.
Igualmente, mencionou algumas limitações financeiras para as deslocações, no sentido de oferecer as condições mínimas à equipa.
Os pais e encarregados da educação, por seu lado, consideraram esta iniciativa de “louvável”, pois como disse Elizia Varela, no seu caso o filho necessita de controlo com neurologista, mas para conseguir esta consulta no sistema de saúde normal dura de seis meses a um ano.
Esta mãe reforçou que muitos pais que não conseguem levar os filhos à cidade da Praia, onde se pode encontrar a maioria destes especialistas, e que em Santa Catarina não é possível ter todos os especialistas que estas crianças precisam para o devido acompanhamento.
Como forma de proporcioná-las algum conforto enquanto aguardavam pelas consultas foram desenvolvidas várias actividades lúdicas e recreativas.
MC/AA
Inforpress/Fim
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