*** Por Feliciano Monteiro, da Agência Inforpress***
Assomada, 06 Nov (Inforpress) – A taxa de abandono escolar aumentou nos últimos dois anos em Santa Catarina (Santiago) e Ribeira da Barca é uma das localidades mais afectada pelo problema, impulsionado principalmente pela “emigração em massa” registada naquela vila piscatória.
Em entrevista à Inforpress, o director do Agrupamento Escolar V de Ribeira da Barca, Osvaldino da Moura, admitiu que é a primeira vez que a taxa de abandono escolar aumentou na escola, considerada em 2013 como uma das melhores a nível do país, pelas boas práticas que tem exercido.
Conforme revelou o responsável, actualmente a taxa de abandono escolar na referida escola está entre 10 e 20 por cento (%).
Outrora, segundo a mesma fonte, a taxa de abandono escolar era entre 01% e 02 % e tinham mais de 600 alunos inscritos.
Actualmente a escola conta com apenas 399 alunos do 1.º ao 8.º ano de escolaridade.
“A taxa de abandono escolar, podemos dizer que está elevada, mas, não são dos alunos que abandonam a escola para ficarem na localidade. A mesma deve-se aos alunos que estão emigrando e todos esses alunos são considerado abandono, o que não acho e não considero justo”, adiantou o responsável que dirige aquele estabelecimento de ensino há mais de 20 anos.
“Os alunos que emigram não abandonam a escola, quando chegam no outro país continuam os estudos, mas, de acordo com o regulamento do Ministério da Educação, esses alunos quando vão para o estrangeiro devemos considerar como sendo abandono, e é por isso que temos essa taxa”, esclareceu o professor.
Numa altura em que Ribeira da Barca está a enfrentar “uma onda forte” de emigração, e alegadamente a perder a sua população com este fenómeno registado nos últimos dois anos, em que quem for primeiro manda buscar os cônjuges e os filhos, prevê-se que a escola vá continuar a perder mais alunos.
Se antes o agrupamento tinha um plano com medidas para prevenir que os alunos saíssem da escola sem terminarem os estudos, hoje, conforme admitiu Osvaldino da Moura, “não há como parar este fenómeno”.
Recentemente em declarações à Inforpress, o delegado do Ministério da Educação em Santa Catarina, Manuel do Rosário, admitiu que relativamente ao ano anterior houve diminuição do número de alunos, para quem isso também advém dos casos de emigração.
Para sustentar as suas afirmações, lembrou que foram feitos muitos pedidos de declarações de transferência desde o pré-escolar até ao 12.º ano.
De 2023 a esta parte, a emigração, sobretudo juvenil, não pára de crescer em Cabo Verde e Ribeira da Barca é uma das localidades em que “boa parte” dos jovens está a abandonar.
Os jovens, que estão a abandonar a terra que os viu nascer e crescer classificam a política em Cabo Verde como “péssima” e dizem não ter esperança quanto ao desenvolvimento do município e do país, daí escolherem abandonar a localidade e o arquipélago em busca de melhores condições de vida, sobretudo em Portugal.
Hoje, a maioria da população residente é adulta e/ou idosa, tendo em conta que “boa parte” já emigrou, quer à procura de trabalho, quer para dar continuidade aos estudos.
Os que lá estão, conforme adiantaram à Inforpress, aguardam pelo agendamento do pedido de visto para também deixarem esta vila piscatória.
Esta saída dos jovens em busca de melhores oportunidades no estrangeiro, conforme os populares, vem agravando os desafios educacionais e sociais daquela comunidade, que tem a pesca como principal actividade económica.
FM/AA
Inforpress/Fim
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