Ribeira Grande: Vendedora ambulante denuncia impasse na atribuição de espaço para trabalhar

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Ribeira Grande: Vendedora ambulante denuncia impasse na atribuição de espaço para trabalhar
27/11/25 - 02:45 pm

Ribeira Grande, 27 Nov (Inforpress) – A vendedora ambulante Natália Pires denunciou hoje um impasse na definição de “um espaço digno” para exercer a sua actividade, afirmando sentir-se desrespeitada pelas autoridades após sucessivas mudanças de orientação sobre os locais onde pode vender.

Segundo relatou à Inforpress, durante vários anos vendeu roupa e calçado na rua pedonal do Pelourinho, ainda que de forma ocasional.

“Trabalhava sobretudo aos fins de semana e nos últimos dias de cada mês. Porém, a câmara determinou a retirada dos vendedores daquele espaço, encaminhando-nos para o Largo Sete Sóis Sete Luas”, contou.

Natália Pires recebeu uma banca e uma autorização para instalar-se no local, mas considera que as condições “não eram adequadas”.

Face às dificuldades, disse ter chegado a um entendimento com o delegado municipal e com a vereadora Sheila Andrade para vender ocasionalmente numa pequena área da Praça Nossa Senhora do Rosário, sobretudo três fins de semana e no final de cada mês.

“Deram-me uma declaração formal”, garantiu.

No entanto, no primeiro dia em que tentou trabalhar no local, relatou ter sido abordada “de forma deselegante” por fiscais municipais que contestaram a sua presença, apesar de apresentar o documento.

A situação chegou a envolver a Polícia Nacional, que, segundo afirmou, recuou após verificar a autorização.

“Deixaram-me ficar naquele dia, mas depois já não desci mais porque não quero confusão”, referiu.

Natália disse ter procurado novamente esclarecimentos na Delegação Municipal, mas encontrou “respostas contraditórias”.

Viúva há 17 anos, sublinhou que depende exclusivamente do seu trabalho para sustentar a casa.

A vendedora afirmou que, caso a situação não seja resolvida até ao final do mês, pretende retomar as vendas no espaço autorizado no documento.

Confrontado pela Inforpress, o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Armindo da Luz, rejeitou que haja falta de clareza nas orientações e afirmou que a decisão de retirar vendedores da via pública visa “valorizar o comércio local, melhorar a organização da cidade e garantir segurança e circulação para todos”.

“Não podemos autorizar uma pessoa a vender na via pública, porque, se autorizarmos uma, teremos de autorizar outras. E aí toda a política cai por terra”, afirmou.

O edil explicou que, após reunião com todos os vendedores, a autarquia assumiu o compromisso de criar um espaço adequado para armazenamento de mercadorias, incluindo casa de banho, no Largo Sete Sóis Sete Luas.

“Já tivemos esse ganho e não vamos retroceder”, garantiu.

Sobre a utilização da Praça Nossa Senhora do Rosário, disse que em situações festivas, como a celebração religiosa de Nossa Senhora do Rosário, a venda pode ser autorizada, desde que não interfira com a circulação nem com as atividades religiosas.

No entanto, reforçou que, fora dessas exceções, a regra deve ser cumprida.

Armindo da Luz acrescentou ainda que o município está a organizar, com o Ministério da Agricultura, uma feira que decorrerá no Terreiro, mas que, após o evento, as vendas não poderão continuar naquele espaço.

Sobre o documento apresentado pela vendedora, esclareceu que “não servia”, pois era válido apenas para um dia.

“Disse ao delegado que, neste tipo de situação, devia articular comigo para corrigir previamente”, afirmou.

O presidente concluiu que a autarquia está a criar todas as condições necessárias no Largo Sete Sóis Sete Luas para acolher os vendedores. 

LFS/AA

Inforpress/Fim

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