
Cidade da Praia, 09 Dez (Inforpress) – Os restos mortais do embaixador José Filomeno Monteiro já repousam no cemitério da Várzea, depois de elogio fúnebre no Ministério dos Negócios Estrangeiros, seguido de missa de corpo presente na capela do bairro que o viu nascer.
O discurso de elogio fúnebre esteve a cargo do embaixador Hércules Cruz, que destacou José Filomeno como figura “incontornável” da diplomacia cabo-verdiana.
“Tinha uma capacidade ímpar de estabelecer imediata ligação com os outros, de fazer amizades quase instantâneas. Só ele sabia fazer assim”, afirmou Hércules Cruz, a propósito do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional.
Acrescentou que José Filomeno, com a sua natural simpatia, se entregava a todos, uma pessoa, frisou, que “não tinha qualquer tibieza em perguntar para saber e fazer repetir para aprender”.
“Sem ter saído do seu bairro [Achada de Santo António], absorvia o mundo inteiro na sua infinita curiosidade”, sublinhou Hércules Cruz sobre o ex-colega que, segundo ele, ao longo de décadas de serviço de Estado, honrou cada função com uma “elegância rara, feita da sobriedade, rigor, ponderação e absoluto respeito pelo interesse nacional”.
Hércules Cruz realçou ainda José Filomeno como pessoa que “nunca confundiu” a diplomacia com a vaidade no poder com o ruído.
“A sua passagem pela vida pública foi marcada por uma virtude cada vez mais escassa, a de servir sem se servir, de liderar sem impor, de brilhar sem procurar aparecer a qualquer custo”, exaltou o diplomata Hércules Cruz.
Lembrou que bem cedo José Filomeno revelou a sua revolta contra o colonialismo português.
“Com 16 anos de idade, era firme a sua fé inabalável na independência de Cabo Verde”, indicou Hércules Cruz, acrescentando que José Filomeno, antes da militância partidária na luta pela independência nacional, a sua convicção política o levara a denunciar, esclarecer e mobilizar os seus colegas para o repúdio ao colonialismo português.
No elogio fúnebre, Cruz enalteceu que José Filomeno foi um “enorme diplomata” ao serviço de Cabo Verde.
“Onde quer que estivesse. Mesmo em outras actividades, no parlamento, nunca deixou de cuidar da política externa, com o mesmo cuidado e zelo”, concluiu o diplomata Hércules Cruz.
Depois da cerimónia religiosa, o cortejo fúnebre percorreu algumas artérias do bairro onde, há 70 anos, nasceu José Filomeno para o seu corpo ser sepultado no cemitério da Várzea.
Várias entidades públicas reagiram à morte do ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, como é o caso do chefe de Estado, José Maria Neves, que considerou José Filomeno um “senador da República, um homem grande das ilhas”.
Por sua vez, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, destacou José Filomeno como “homem de Estado, presente e activo” em todas as fases marcantes da vida nacional: a luta pela independência, o combate pela liberdade e democracia e afirmação de Cabo Verde no concerto das nações.
Além de político e diplomata, José Filomeno de Carvalho Dias Monteiro foi jornalista do extinto Jornal Voz di Povo.
LC/JMV
Inforpress/Fim
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