Cidade da Praia, 16 Out (Inforpress) - O Dia do Rabidante é assinalado hoje em Cabo Verde, prestando homenagem aos vendedores informais que, com "esforço e determinação", garantem o sustento familiar e contribuem para a economia do país, apesar das dificuldades enfrentadas diariamente.
A data é dedicada aos trabalhadores do pequeno comércio informal, conhecidos como 'rabidantes', cujo papel é considerado crucial no abastecimento local e na dinâmica económica.
A agência Inforpress recolheu testemunhos de vários 'rabidantes', na cidade da Praia, que, apesar de reconhecerem a importância da profissão, lamentam a falta de valorização social e de apoio institucional.
Janilson Borges afirmou que o trabalho como 'rabidante' foi a solução encontrada perante a ausência de oportunidades no mercado de trabalho formal, após não ter terminado os estudos e não ter conseguido um emprego fixo.
“Criei a minha forma de ganhar dinheiro que é comprar e vender”, referiu Borges, que, apesar de ter enfrentado preconceitos iniciais, defende que a actividade é “um trabalho como qualquer outro”.
O 'rabidante' lamentou, contudo, a falta de apoio das autoridades e as dificuldades geradas pelas fiscalizações, que frequentemente resultam em mercadorias danificadas e na redução dos ganhos.
Ainda assim, acredita que os ‘rabidantes’ desempenham um papel essencial no funcionamento do comércio local e na movimentação económica do país.
Com um sentimento semelhante, Filomena Lopes, que se dedica às vendas desde jovem, considera que a profissão lhe deu dignidade e independência, permitindo-lhe criar os filhos e construir a família.
“Ser rabidante para mim é tudo, porque desde jovem deixei de estudar e vendo até hoje”, sublinhou Lopes, que admitiu sentir-se discriminada em alguns espaços quando se identifica com a profissão.
Filomena Lopes defendeu que o Estado e as câmaras municipais deveriam disponibilizar fundos e incentivos, lembrando que muitos iniciam o negócio sem qualquer capital inicial.
Por sua vez, Ângela Lopes encontrou nas vendas o “pão de cada dia” e uma forma de garantir o sustento dos filhos, referindo que o ofício é sinónimo de “coragem e fé”.
Tudo começou quando decidiu acompanhar um familiar e acabou por se fixar no local onde trabalha há um ano.
“Agora é o pão dos meus filhos e já me acostumei, com muita coragem”, referiu.
Ângela Lopes manifestou alegria pelo Dia do Rabidante, considerando-o um reconhecimento do esforço diário de milhares de trabalhadores informais. No entanto, alertou que o apoio das instituições públicas, embora existam iniciativas pontuais, “ainda não chega a todos”.
KF/SR//CP
Inforpress/Fim
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