Cidade da Praia, 14 Fev (Inforpress) - A presidente da Federação Nacional das Mulheres do PAICV (FNMPAI), Paula Moeda, afirmou hoje, na cidade da Praia, que a remodelação governamental do Governo representa “um retrocesso” na representatividade feminina.
A recente remodelação anunciada há dez dias, segundo Paula Moeda, “reduziu drasticamente” a representação feminina no Governo, com apenas três mulheres num total de 22 membros, o que representa “uma diminuição alarmante” da paridade e do equilíbrio de género no executivo.
“Esta remodelação governamental é um autêntico retrocesso, uma vez que reforça a ideia de que as decisões políticas são predominantemente masculinas, limitando claramente a voz, a influência e a ação das Mulheres que em 2008, e seguintes, durante o Governo do PAICV, Cabo Verde foi um dos primeiros países no mundo a atingir a paridade no elenco governamental com oito ministras, sete ministros e o primeiro-ministro”, vincou
Para a presidente da FNMPAI, este “retrocesso” é um reflexo de uma política que “marginaliza as mulheres, enfraquecendo a inclusão feminina e colocando em risco os avanços conquistados” ao longo dos anos.
"Essa remodelação vai contra o que foi alcançado por Cabo Verde em inclusão feminina na política, especialmente após a histórica paridade alcançada em 2008, quando o país foi pioneiro ao ter 60% de ministras no Governo", afirmou Paula Moeda.
A mesma fonte acrescentou que a diminuição da participação das mulheres no actual Governo é “um golpe contra” a equidade e a igualdade de género.
A presidente da FNMPAI destacou ainda que a falta de representatividade feminina pode afectar negativamente a formulação de políticas públicas, já que a diversidade nas esferas de decisão é crucial para refletir as necessidades de toda a população.
"Esta remodelação não só exclui as mulheres, mas também enfraquece o Governo no que diz respeito a políticas sociais e de género", disse Paula Moeda, alertando para o impacto dessa decisão nas questões que afetam as famílias cabo-verdianas.
Para ela, a atitude do primeiro-ministro de reduzir a presença das mulheres no Governo é uma demonstração de “insensibilidade política”, além de um “claro retrocesso” em relação às conquistas de paridade que Cabo Verde havia alcançado nos últimos anos.
Segundo Paula Moeda, dizer que a lei da paridade não se aplica às estruturas governamentais mostra a falta de compromisso real com a paridade de género, afirmando que ele utiliza a lei de forma superficial, sem impor mudanças efectivas.
“Nós não queremos um primeiro-ministro que se assenta estritamente numa leitura restrita de uma lei da paridade. Só que temos um primeiro-ministro que, quando realmente vem ao público demonstrar a sua masculinidade, mostrar a sua discriminação em relação às mulheres, ele vai fazer de bengala o que está na lei da paridade”, disse.
Por isso, sintetizou, as mulheres, como maioria dos eleitores, são chamadas a se unir e a responder nas urnas, exigindo "maior respeito" pela sua representação e pelo "peso demográfico" que têm em Cabo Verde.
TC/AA
Inforpress/Fim
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