Espargos, 07 Out (Inforpress) – Um grupo de professores que estão a leccionar na ilha do Sal pelo segundo ano, montaram hoje acampamento nos arredores da Delegação Escolar, para apelarem a quem de direito, justificativas sobre os atrasos no pagamento dos respectivos salários.
Conforme a Inforpress pode constatar no local, são vários os professores que foram transferidos de outras ilhas para preencherem as vagas na ilha do Sal, desde o ano passado, e, conforme os mesmos, “continuam ainda a sofrer com atrasos no pagamento dos salários”.
Segundo o professor de Matemática e Empreendedorismo, Fabrico Freitas, esta manifestação é no sentido de mostrar as condições de trabalho a que os professores “novos” têm estado a ser submetidos nas ilhas aonde são destinados.
“Há um ano fomos contactados pelo Ministério da Educação para vir leccionar aqui no Sal e até este momento já assinamos mais de três adendas sobre os salários, mas ainda não foi publicado no Boletim Oficial”, explicou.
“É uma situação extremamente difícil estar a leccionar e sem vencimento, com todas as responsabilidades que temos a cumprir e ainda o Ministério exige que estejamos nas salas de aulas sem as mínimas condições e sem responsabilidade de quem de direito”, continuou.
Para a mesma fonte, a afirmação da tutela da Educação de que o ano lectivo iniciou de forma tranquila, “não passa de uma mentira”, já que, para o mesmo, muitos professores neste momento estão a passar por “sérias dificuldades”.
“Mais triste que o pagamento dos nossos salários é a falta de respeito e de comunicação do ministério para com os professores, sem ninguém que dê a cara para explicar o porquê dessa situação”, sublinhou.
Fabrício Freitas aproveitou para apelar à tutela, para procurar soluções “urgente” para os professores que chegam às ilhas sem salário para se manterem.
Na mesma linha, a professora Mónica Andrade, que lecciona a disciplina de Ciências da Terra e da Vida, também na ilha do Sal desde o ano passado, pediu que o Governo, através do Ministério da Educação, reveja a situação dos professores, “pelo menos por via do dialogo” que, segundo a mesma, já minimizaria alguns problemas.
“Estamos apelando neste momento para que o ministério veja a nossa situação porque precisamos de alguma motivação para trabalharmos e de alguém que responda às nossas questões para que possamos estar tranquilos também”, frisou.
Já para Ivandre Santos, a expectativa era que neste novo ano lectivo a sua situação e a de outros colegas melhoraria, mas “acabou por deparar com a mesma situação do ano transacto”.
“Estávamos à espera que este novo ano tudo estaria melhor mas, no entanto, temos mais uma responsabilidade, para além das nossas famílias nas nossas ilhas de origens, mas estamos nos endividando com empréstimos para podermos arcar com as nossas responsabilidades”, desabafou.
Para o mesmo, esta é uma situação “vergonhosa” a que os professores têm de se submeter para se manterem na ilha e a leccionar como qualquer outro professor.
A maioria dos professores afectados estão deslocados das suas ilhas de residência e têm dificuldade em pagar o essencial como alimentação, alojamento e tratamentos médicos.
NA/HF
Inforpress/Fim
Partilhar