Ilha do Sal: Professores com salários em atraso manifestam-se em frente à Delegação escolar

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Ilha do Sal: Professores com salários em atraso manifestam-se em frente à Delegação escolar
24/01/25 - 07:54 pm

Espargos, 24 Jan (Inforpress) – Um grupo de professores, que se encontram há meses sem receber os seus salários, reuniu-se hoje em frente à delegação escolar na ilha, para denunciar as “condições desumanas” enfrentadas pela classe docente.

Esta acção surge como resposta às condições desumanas enfrentadas pela classe docente, marcadas por atrasos salariais prolongados, falta de regularização contratual e condições de trabalho insustentáveis e que já obrigaram alguns desses professores a paralisarem as aulas há cerca de uma semana.

Conforme o professor Sandro Gomes, na ilha desde Outubro de 2024, a situação está a ficar cada vez mais insustentável, já que caminham por cinco meses sem sequer terem uma satisfação do Ministério da Educação relativamente à regularização desta situação.

“Estamos a passar um tipo de contrato que o Ministério da Educação impôs, em que os professores passam os primeiros três meses sem salário, mas depois a situação seria regularizada, no entanto já estamos a caminhar para quatro e cinco meses sem receber, uma situação que está a ficar insustentável”, desabafou.

Para a mesma fonte, a classe docente deveria ser mais bem valorizada, por isso estão a pedir que a tutela da pasta da educação reveja a situação com que os professores estão a passar, muitos fora da sua ilha de origem.

“A vida na ilha do Sal é insustentável e sem os nossos salários fica pior e isso reflecte nos próprios alunos já que muitos dos materiais utilizados são disponibilizados pelos próprios professores e estamos numa situação em que o ministério fica indiferente a tudo isso”, continuou.

Sandro Gomes lembrou ainda que todos os professores são avaliados diariamente e por “descaso” do ministério, acabam por não exercer as suas funções como deveriam fazê-lo.

Na mesma linha, o professor Marvin Fortes, da ilha de São Vicente, e que se encontra na mesma situação que outros colegas, considerou que esta manifestação pacífica é no sentido de pedirem “mais respeito e dignidade” à classe docente.

“Somos professores em início de carreira, ou seja, estávamos todos nas nossas ilhas e com trabalho, que de alguma forma tínhamos um salário ao final do mês e de repente somos deslocados para a ilha do Sal para leccionar mas sem condições para pagar as despesas mínimas”, sublinhou.

“O Ministério da Educação tem que valorizar mais os professores e ter pontualidade no pagamento dos salários, porque diariamente estamos a lutar e esperamos que a situação seja resolvida o mais breve possível porque neste caso quem sofre são os alunos que estão sem aula”, apelou.

Na mesma situação de atrasos nos salários estão outros professores que chegaram na ilha desde o ano passado, com contratos definitivos mas chegaram a ter até mais de 10 meses sem salários, conforme explicou a professora Janete Soares.

“No primeiro ano ainda íamos aguentando porque não tínhamos ainda tempo para estar estável mas já há cinco meses do segundo ano já é inadmissível estar a depender de familiares e isso nos afecta em muitos sentidos”, adiantou.

Mileida Rocha também encontra-se na mesma situação desde o ano passado, tendo recebido um salário em Novembro de 2023 e os restantes apenas em Novembro de 2024, ou seja um ano depois.

Por sua vez, a secretária-geral do Sindicato dos Professores (Sindprof) Albertina Rodrigues, solidariza-se com os professores nesta luta e pede ao Governo e ao Ministério da Educação a resolução imediata dos compromissos pendentes.

“Como sindicalista, ou como colega, estamos solidários com os professores, porque o que estão a fazer neste momento é um acto de desespero porque chegaram no seu limite", frisou.

"O Ministério da Educação podia minimizar isso, arranjando um espaço para os professores porque se tiverem que canalizar o dinheiro de renda para a comida ou para o transporte, pelo menos teremos professores mais calmos e mais tranquilos”, apelou.

Os professores garantem que vão continuar nesta luta e prometem não retomar as aulas, pelo menos, até seja resolvida a situação do pagamento regular e atempado dos vencimentos, pois consideram que não é possível sobreviver nestas condições. 

NA/ZS

Inforpress/Fim

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