Cidade da Praia, 17 Jan (Inforpress) – O estudo sobre a perceção social da população revelou que 54% dos cabo-verdianos é “pouco ou nada tolerante” com pessoas LGBTIQ+, enquanto 38% percebem que eles próprios têm atitudes de baixa aceitação.
Estes dados constam de um estudo promovido pelo Instituto Cabo-verdiano da Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), no âmbito da implementação do Plano Nacional de Igualdade de Género (PNIG) 2021–2025, realizado entre Outubro e Dezembro de 2024, com o apoio financeiro da Cooperação Espanhola.
Intitulado “A perceção social da população sobre as pessoas LGBTIQ+ em Cabo Verde”, o estudo foi, de acordo com o ICIEG, dirigido à população geral com idade igual ou superior a 18 anos no sentido de avaliar a perceção e experiências relacionadas com os direitos e discriminação da população LGBTIQ+.
Neste sentido, avançou que foram inquiridas um total de 767 pessoas residentes em cinco ilhas e seis concelhos, nomeadamente Santiago (Praia e Santa Catarina), Santo Antão (Ribeira Grande), São Vicente, Sal e Fogo (São Filipe).
O relatório apresentado hoje revelou que 67% da população cabo-verdiana possui um conhecimento básico sobre questões LGBTIQ+, enquanto apenas 23% demonstram uma compreensão profunda dos conceitos relacionados a género e orientação sexual.
“Concelhos urbanos como Praia e São Vicente apresentam maior conhecimento e aceitação, enquanto concelhos como São Filipe e Sal têm níveis inferiores. Isso reflete a influência do ambiente cultural e do acesso à informação”, realçou a mesma fonte.
Destacou ainda que os grupos com maior nível de conhecimento e compreensão sobre as questões LGBTIQ+ (sexo feminino, pessoas mais jovens, residentes em áreas urbanas e com maior escolaridade) manifestam uma maior aceitação das pessoas LGBTQI +.
“54% dos inquiridos avaliam que a sociedade cabo-verdiana é pouco ou nada tolerante com pessoas LGBTIQ+, enquanto apenas 38% percebem que eles próprios têm atitudes de baixa aceitação”, referiu.
A relação entre conhecimento e aceitação indica que a educação e a informação são ferramentas cruciais para reduzir preconceitos, aumentar a aceitação da diversidade e as diferenças por fatores como idade, instrução e local de residência apontam para a necessidade de estratégias específicas.
De acordo com o documento, a maioria dos respondentes discute raramente a temática LGBTIQ+ (42,3%) ou nunca discute (28,4%), enquanto uma menor proporção a discute “frequentemente” (8,1%) ou “alguma vez” (20,6%).
As áreas críticas de discriminação incluem escolas, locais de trabalho e serviços de saúde, apontadas por 31% dos participantes como espaços onde a discriminação é mais frequente.
De entre os ganhos, revelou que a sociedade cabo-verdiana demonstra um aumento no conhecimento e conscientização sobre a comunidade LGBTQI+, entretanto, recomenda a necessidade de intervenções que promovam uma transformação legal e social para enfrentar a discriminação contra esta comunidade.
ET/AA
Inforpress/Fim
Partilhar