Cidade da Praia, 16 Abr (Inforpress) - Em Porto Mosquito, a pesca do espadarte é vital para a subsistência de muitas famílias, mas os pescadores enfrentam sérios desafios, incluindo dificuldades financeiras e a falta de infraestrutura adequada.
A comunidade local busca apoio para garantir a continuidade desta actividade essencial, que representa não apenas uma importante fonte de renda, mas também um pilar cultural.
Embora a pesca do espadarte seja uma atração turística e desportiva de renome internacional, com destaque para o Campeonato Mundial de Pesca de Marlin, realizado anualmente em São Vicente, as dificuldades enfrentadas pelos pescadores persistem.
A escassez de infraestrutura, adicionada ao aumento dos custos operacionais, tem dificultado a vida dos pescadores locais, que muitas vezes precisam arcar com essas despesas do próprio bolso.
Em uma visita ao porto de pesca de Porto Mosquito, a equipa da Inforpress registou o momento de uma captura de espadarte, peixe fundamental para a economia local. Na ocasião, pescadores e peixeiras, que dedicam suas vidas à pesca, compartilharam suas preocupações.
Claudino Tavares, pescador com quase 50 anos de experiência, destacou os altos custos operacionais e a dificuldade de cobrir esses gastos.
"Normalmente, intensificamos a pesca do espadarte em Setembro, mas o aumento no preço do peixe tem impactado todos nós", afirmou Tavares, acrescentando que, diante das dificuldades, muitos pescadores acabam “bancando” parte dessas despesas com recursos próprios.
"Precisamos de mais apoio e garantias para continuar com esse tipo de pesca, que, embora arriscada, é vital para nossa sobrevivência", completou.
De acordo com Wlodzimierz Szymaniak, professor da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, e um dos influentes nesta arte de pesca, a pescaria do espadarte tem vindo a ter um aumento no preço, consoante as condições do mercado e do mar.
Szymaniak observou que, apesar do Campeonato Mundial de Pesca de Marlin realizar-se em São Vicente, outras ilhas, como São Nicolau e Santiago, possuem condições ideais para a prática desta actividade.
Um pescador local que responde por Tavares, revelou que recentemente, o espadarte capturado pesava cerca de 200 quilos, mas no ano anterior, o peixe chegou a impressionantes 380 quilos. A captura, observou, ocorreu a aproximadamente uma milha da costa, onde o espadarte é mais comum”.
Além do impacto no turismo, a pesca do espadarte também representa uma oportunidade de empoderamento para os pescadores locais.
O pescador realçou que projectos voltados para o fortalecimento da pesca em Porto Mosquito e “Moia Moia” têm o objectivo de não só melhorar as condições de trabalho dos pescadores, mas também criar novas fontes de renda ao promover o turismo e as interações com os visitantes.
Entretanto, para garantir a continuidade desta actividade pesqueira essencial, disse que “é urgente a necessidade de mais investimentos em infraestrutura e apoio contínuo ao sector.
Tavares sublinhou a importância do apoio governamental, e apela a “mais investimentos em infraestrutura” e criação de condições que garantam a segurança e o sucesso dessa actividade, porque, disse, “sem esse suporte, a tradição da pesca do espadarte poderá estar em risco”.
“A pesca do espadarte, além de ser uma tradição cultural de resistência, continua sendo crucial para a subsistência de muitas famílias em Cabo Verde. No entanto, as dificuldades económicas e ambientais exigem soluções inovadoras, com isso o compromisso das autoridades é fundamental para assegurar um futuro sustentável para essa prática”, precisou.
Itelvina Maria, peixeira com vasta experiência, relatou as dificuldades enfrentadas pela comunidade de Porto Mosquito, uma das áreas mais afectadas pela escassez de pescado.
"Vivemos da pesca, e quando não conseguimos pescar, ficamos sem o que comer", explicou, ressaltando que embora o auxílio financeiro recebido tenha ajudado a melhorar os negócios, a comunidade ainda depende de mais apoio para garantir sua sobrevivência.
KA/SR/JMV
Inforpress/Fim
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