Protecção de Tartarugas: Coordenador destaca ganhos mas afirma que fiscalização está aquém do ideal (C/áudio)

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Protecção de Tartarugas: Coordenador destaca ganhos mas afirma que fiscalização está aquém do ideal (C/áudio)
23/05/24 - 01:42 am

Cidade da Praia, 23 Mai (Inforpress) – O coordenador da Rede Nacional de Conservação Ambiental (Taola+), Leno dos Passos, realçou hoje os ganhos na protecção das tartarugas, conseguidos através de trabalhos de sensibilização e educação ambiental, mas afirma que a fiscalização está aquém do ideal.

Em entrevista à Inforpress, este responsável assegurou que desde que as Organizações Não Governamentais (ONG) começaram a trabalhar na conservação das tartarugas marinhas em Cabo Verde, há mais de 20 anos, verificam-se muitos ganhos, devido aos trabalhos de sensibilização e de educação ambiental feitos junto das comunidades.

“O trabalho de monitorização nas praias de mar evitou, de certa forma, a deslocação de pessoas para capturar tartarugas,” reforçou, acrescentando que as coisas melhoraram ainda mais com a aprovação da lei de 2018 que protege as tartarugas.

Entretanto, afirmou que persistem ainda desafios em matéria de fiscalização e sensibilização, justificando que embora exista um grande trabalho na sensibilização constata-se ainda pessoas a capturar esta espécie em vias de extinção.

“É porque algo está a falhar, está a impedir que a nossa mensagem chegue a todos os cabo-verdianos. Temos a lei mas, infelizmente, a fiscalização que tem estado a ser feita ainda está um pouco aquém do ideal”, lamentou, defendendo que é preciso reforçar a fiscalização nas praias e pensar na nova estratégia de sensibilização ambiental.

Porque, conforme afirmou hoje em dia, há pessoas a trabalhar nas praias, sendo mais de 90 por cento (%) voluntários ou guardas que as ONG contratam para realizar trabalhos mas, advertiu, estes não têm o poder legal de fiscalizar.

A seu ver é necessário reforçar a fiscalização tanto nas praias como nos portos ou pontos de desembarque onde as tartarugas são capturadas em alto mar pelos pescadores, no sentido de diminuir a apanha.

Segundo Leno dos Passos, tem-se focado muito na fiscalização das ilhas onde há mais presença de tartarugas, como Maio, Boa Vista e Sal, e se esquece de atacar fortemente centros urbanos como a cidade da Praia enquanto a principal área de consumo da carne de tartaruga.

Como outro desafio apontou o facto de não haver uma publicação conjunta a nível nacional que mostre a evolução do número de ninhos aqui em Cabo Verde, pois, explicou, tem havido sempre ONG que fazem trabalho e tem estado a fazer publicações nas revistas internacionais mas de forma individual.

A este propósito assegurou que a Taola+ conseguiu fazer essa coordenação pelo que ainda este ano deve sair uma publicação que mostra o número de ninhos de tartaruga nos últimos 10 anos avançando que o referido estudo pode vir a provar que Cabo Verde é a única população de tartaruga careta-careta no mundo inteiro que tem mostrado crescimento da espécie.

No Dia Mundial da Tartaruga instou a todos a olharem para a tartaruga não como um património nacional, mas como um património mundial por se tratar de uma espécie ameaçada de extinção.

“E Cabo Verde, enquanto um país onde há mais tartarugas da espécie careta-careta, nós temos um compromisso com o mundo na preservação da espécie para evitar a sua extinção”, destacou, alertando que se pode aproveitar as tartarugas de forma mais sustentável, enquanto produto turístico.

O Dia Mundial da Tartaruga foi criado pela American Tortoise Rescue, uma organização sem fins lucrativos fundada em 1980 na Califórnia, Estados Unidos da América, e comemora-se a 23 de Maio, com o propósito de chamar a atenção para o perigo de extinção da espécie e aumentar o conhecimento da população sobre estes animais. 

ET/HF

Inforpress/Fim

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