Cidade da Praia, 21 Fev (Inforpress) - Os deputados do PAICV para Santiago Sul manifestaram, terça-feira, “estranheza” com as declarações do Movimento para a Democracia (MpD – oposição) sobre o mercado do Coco, na Praia, alegando ser esta uma das “maiores vergonhas” da gestão do MpD.
“É com estranheza que ouvimos o deputado Alberto Melo, do MpD, falar do abandono do Mercado do Coco, parecendo um carnaval fora de época, quando ele, enquanto vereador da câmara, do mandato do MpD e depois como presidente da Assembleia Municipal, foi um dos principais rostos, junto com o actual primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, daquilo que é uma das maiores vergonhas da gestão do MpD”, disse o porta-voz do grupo, Carlos Tavares.
Em conferência de imprensa para responder as declarações dos deputados do MpD para Santiago Sul, após uma visita ao mercado do Coco, Carlos Tavares ressaltou que o mercado iniciado em 2011, no mandato do partido no poder, foi projectado para um período de um ano, mas que dez anos depois com a saída do MpD da câmara, em 2020, não conseguiram concluir a obra.
Indicou ainda sobre esta matéria que, não obstante alertar com relatórios técnicos a recomendar a não construção da forma como foi feita a obra, a câmara de então insistiu em injectar “mais dinheiro”.
“No Mercado do Coco a gestão do MpD enterrou mais de um milhão de contos, incluindo o acréscimo de mais 350 mil contos doados à câmara municipal em 2019. Na gestão do MpD, quando o custo inicial era de 450 mil contos, numa gestão absolutamente intransparente, desastrosa e danosa do erário público, nas últimas fases do referido mercado nem sequer obtiveram o visto do Tribunal de Contas”, anotou.
Ainda segundo Carlos Tavares, a conclusão de toda essa gestão do MpD é que o “dinheiro desapareceu” e estragou-se um campo de futebol deixando a estrutura de um “esqueleto metálico” que não serve para nada.
Associado a isso, lembrou o deputado, que o espaço do Mercado de Sucupira foi vendido e o dinheiro das vendedeiras “tomadas” sem lhes ser garantido o mercado.
Os deputados do PAICV para Santiago Sul, apontaram também na sua comunicação as dívidas deixadas pelo MpD a actual câmara que vem sendo pago, mensalmente, por um mercado que "não existe".
“É preciso igualmente lembrar que a actual Câmara Municipal liderada por Francisco Carvalho, assim que tomou posse, solicitou ao Tribunal de Contas, face a gravidade da situação, uma auditoria ao mercado do Coco, tendo enviado a essa instituição todos os dados e documentos e está sempre se esquivou de fazê-la”, afirmou.
Sublinhou que as desculpas do Tribunal de Contas foram, na altura, com a Covid-19 que não permitiu a execução da programação para o efeito, mas também com a justificativa da falta de meios, e depois com a retórica de que a câmara da Praia não tem competência para solicitar auditoria.
Os deputados do PAICV referiram ainda que na sequência, em 2022, o grupo parlamentar propôs no parlamento que se aprovasse uma resolução para autorizar o Tribunal de Contas a fazer a auditoria, tendo sido esta chumbada pelo MpD que recusou auditoria, mas depois em 2023 veio a apresentar uma resolução para o efeito e até hoje nada.
“O que é um sinal inequívoco da tentativa de se esconder e bloquear a busca da verdade dos factos. O Tribunal de Contas tem sistematicamente e propositadamente adiado a auditoria ao mercado de Coco, fugindo às suas responsabilidades, colocando essa questão na agenda apenas para o inglês ver”, acrescentou.
O MpD, segundo realçou, brincou com o dinheiro dos paraenses e tem contado com a cobertura e conivência das instituições da República que, devem zelar pelo bom uso do dinheiro público, e que têm mostrado enérgicas em determinadas situações que envolvem a actual câmara e mantendo inércia ou “fechando os olhos” quando o assunto tem a ver com a gestão do MpD, agindo assim com “dois pesos e duas medidas”.
Carlos Tavares enfatiza por outro lado, que o dinheiro “enterrado” no Mercado do Coco daria para construir 300 habitações sociais, ou 1.500 casas de banho, pintar 20 mil casas na cidade da Praia ou apoiar a formação de centenas de jovens praienses.
“O que foi deixado foi um esqueleto metálico com graves problemas estruturais e cujos pareceres técnicos recomendam o não uso por pôr em causa a segurança das pessoas. Por outro lado, não é recomendável a sua demolição, neste momento, enquanto se está à espera da auditoria das autoridades”, explicou.
Os munícipes, alegou, há muito que andam a espera de uma intervenção das autoridades competentes sobre a questão e para um esclarecimento cabal, pelo que, sublinhou, estas não devem ficar impávidos perante esta situação de “grande gravidade” que envolve a gestão anterior do MpD na Câmara Municipal da Praia.
PC/CP
Inforpress/Fim
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