Mónaco, França, 08 Jun (Inforpress)- O Presidente da República, José Maria Neves, apelou hoje, em Mónaco (França), a uma reconfiguração urgente do financiamento azul, defendendo que este seja acessível às realidades dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS).
Estas considerações foram feitas durante a sua intervenção no Blue Economy and Finance Forum.
José Maria Neves reiterou também a proposta cabo-verdiana de criação de um Pacto Global para a Mobilidade Climática, apresentada anteriormente nas Nações Unidas, destacando a necessidade de incluir a resiliência costeira e o financiamento oceânico como pilares fundamentais da justiça climática.
O chefe de Estado também alertou para as ameaças concretas que afectam Cabo Verde, nomeadamente a extracção desregulada de areia nas zonas costeiras, prática motivada por carências económicas, mas que tem acelerado a erosão litoral, comprometendo infraestruturas, habitats e meios de subsistência.
Face a essa realidade, lembrou que o país já aprovou legislação que proíbe a extracção de inertes e está a promover alternativas económicas para as comunidades afectadas.
“São passos ainda modestos, mas fundamentais para alinhar justiça social com protecção costeira”, sublinhou.
O Presidente apontou ainda a salinização progressiva dos aquíferos nas ilhas de Santiago, Sal e Boa Vista, como desafio preocupante, com impacto directo no acesso à água potável, na segurança alimentar e, em alguns casos, na própria habitabilidade das zonas costeiras.
Como resposta a esses desafios, destacou os Planos de Ordenamento da Orla Costeira e do Mar Adjacente, elaborados com base científica, participação comunitária e apoio técnico internacional.
“São expressões concretas da convicção de que é possível conjugar resiliência, conhecimento e acção”, afirmou.
Contudo, advertiu que a magnitude dos desafios exige um compromisso global à altura.
“Impor-se-á uma reconfiguração do financiamento azul que torne verdadeiramente acessível e sensível aos SIDS, com recursos que cheguem com agilidade e reconheçam a centralidade das comunidades costeiras”, disse.
José Maria Neves reforçou, por fim, que os SIDS não devem ser vistos apenas como territórios vulneráveis, mas também como viveiros de inovação e adaptação climática.
“Que este fórum se afirme como catalisador de uma nova consciência oceânica, mais inclusiva, ambiciosa e verdadeiramente transformadora”, concluiu.
KF/LC/AA
Inforpress/Fim
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