Lisboa, 24 Mar (Inforpress) – O instrumentista Vuca Pinheiro apresentou, este sábado, em Lisboa, o livro “A Morna Bravense” em que procurou trazer quase todos os compositores da morna da ilha Brava, revelando a história desse género musical cabo-verdiano, Património Imaterial da Humanidade.
A apresentação aconteceu na noite deste sábado, 23, no Centro Cultural Cabo Verde (CCCV), em Lisboa, e esteve a cargo do músico Humberto Ramos, contando com a presença do embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro, e momento musical.
“Neste livro, procurei trazer todos, ou quase todos os compositores bravenses”, frisou o escritor e instrumentista cabo-verdiano Vuca Pinheiro, indicando que ao todo são 78 compositores diferentes, identificados até ao momento, que fizeram a morna da Brava, como Jota Monte e Jorge Barbosa.
Conforme ele, o livro “A Morna Bravense” busca dar visibilidade a uma ampla gama de artistas, desde os mais renomados até aqueles que podem ser menos conhecidos, explicando que uma das principais motivações por detrás da obra é “corrigir deturpações” e promover uma compreensão mais abrangente do rico ambiente musical da ilha, especialmente nas décadas de 1920 a 1960.
Uma das preocupações centrais do autor é a preservação da autenticidade das letras das mornas bravenses, muitas vezes deturpadas ao longo do tempo, no entanto, ele se recusou a citar nomes de cantores responsáveis por essas deturpações, preferindo focar na correcção e na busca da verdade histórica.
O autor revelou que um dos destaques do livro é a inclusão das mornas compostas por bravenses da diáspora, destacando a importância da conexão cultural mesmo além das fronteiras geográficas da ilha.
Além disso, Vuca Pinheiro fez questão de homenagear figuras proeminentes como Eugénio Tavares, reconhecendo as suas contribuições significativas para a música cabo-verdiana e a morna da ilha Brava, em particular.
A obra também oferece informações sobre a natureza das mornas bravenses, destacando como essas composições “eram mais do que simples canções”, ou seja, “eram verdadeiras poesias musicais, feitas com cuidado e precisão”.
No entanto, apesar dos esforços do autor, ele reconhece que muitas mornas bravenses podem ter sido perdidas ao longo do tempo devido à falta de conservação apropriada ou meios de transmissão melódica.
“O livro de Vuca Pinheiro é um trabalho que é preciso fazer para se repor muita verdade sobre a música e os verdadeiros compositores em Cabo Verde”, considerou, por sua vez, Humberto Ramos em relação à obra que traz também letras das mornas.
O instrumentista e compositor Vuca Pinheiro nasceu na ilha Brava e já escreveu músicas interpretadas por vários músicos cabo-verdianos.
DR/HF
Inforpress/Fim
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