Portugal: Artista brasileiro explora conexão cultural entre Brasil e Cabo Verde em exposição em Lisboa

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Portugal: Artista brasileiro explora conexão cultural entre Brasil e Cabo Verde em exposição em Lisboa
13/11/24 - 04:32 pm

Lisboa, 13 Nov (Inforpress) – O artista plástico brasileiro Leandro Júnior, natural de Minas Gerais, encerra sua residência artística em Portugal com uma exposição, em Lisboa, que explora a conexão cultural entre Brasil e Cabo Verde, reflectida em suas obras.

A mostra denominada “Pop Up exposição” com o título “Do Vale do Jequitinhonha para os vales e montanhas de Santiago” vai ser inaugurada no Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV), em Lisboa, esta quinta-feira, 14, para celebrar não apenas a história e os desafios das comunidades que o artista conheceu ao longo de sua trajectória, mas também um vínculo entre duas culturas que partilham raízes e experiências.

“Meu trabalho artístico começou em 2017, dentro de comunidades quilombolas, especificamente no quilombo de Cuba, onde iniciei um projecto social com crianças e adolescentes”, relembrou Leandro Júnior, em declarações hoje à Inforpress.

Devido à falta de recursos, o artista buscou inspiração e material na natureza, criando obras com terra e cerâmica, porque, conforme explicou, “a vontade de levar arte e esperança para as crianças da comunidade” fez com que ele trabalhasse com o que tinha ao alcance, ou seja, a terra.

Ao longo dos anos, Leandro aprofundou sua conexão com essas comunidades e passou a retratar suas histórias e desafios em obras artísticas, sustentando que o Brasil, especialmente o Vale do Jequitinhonha, guarda memórias marcantes de resistência cultural, que ele agora vê reflectidas em Cabo Verde.

De acordo com Leandro Júnior, o interesse por Cabo Verde surgiu pelas mãos de Simon Watson, artista e curador de arte, com base numa residência artística (Luz_Air) que aconteceu durante três meses em Lisboa, numa pesquisa para uma longa-metragem sobre as mulheres do Vale do Jequitinhonha que enfrentam desafios devido à migração dos maridos.

“Ao pesquisar a conexão entre Brasil e África, percebi que Cabo Verde tem uma forte semelhança com nossa cultura. Quando cheguei à ilha de Santiago, ouvi histórias muito parecidas, especialmente das mulheres que ficam enquanto os maridos vão para fora”, relatou o artista.

A exposição em Lisboa é fruto de uma colaboração e de uma conexão com pessoas de Cabo Verde, possibilitada pelo apoio do Centro Cultural de Cabo Verde e da sua gestora Ângela Barbosa, a quem Leandro faz questão de agradecer.

“Quando expressei meu desejo de expor aqui, Ângela foi muito receptiva e tornou isso possível. Sinto que esta exposição é um momento de coroamento de tudo o que comecei com as comunidades quilombolas”, disse ele.

A mostra apresenta obras que retratam a vida, os desafios e as histórias das mulheres e homens cabo-verdianos, muitas delas ligadas ao trabalho utilitário, à cerâmica e às danças de matriz africana.

“As semelhanças são impressionantes. Na minha região, temos danças de origem africana, assim como as batucadeiras em Cabo Verde. Essa troca cultural foi um fechamento simbólico para tudo o que construí até agora”, reflectiu Leandro.

O artista natural da Chapada do Norte, onde 90 por cento (%) da população é negra, também expressou o desejo de continuar seu trabalho em Cabo Verde, para expandir seu projecto social para outras ilhas.

“Conversei com Marilene Pereira [directora do Centro Cultural Brasil-Cabo Verde, escritora e jornalista natural de Minas Gerais e radicada na cidade da Praia] e estou ansioso para voltar, conhecer outras ilhas e fazer novos projectos sociais, assim como fiz no Jequitinhonha. A arte tem o poder de conectar e transformar”, conclui Leandro Júnior.

A mostra “Pop Up exposição” com o título “Do Vale do Jequitinhonha para os vales e montanhas de Santiago” vai ser aberta quinta-feira, às 17:00 locais. 

DR/ZS

Inforpress/Fim

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