Porto Novo/Dia Mundial da Agricultura: Mobilização de água constitui um dos maiores desafios – agricultores

*** Por Jaime Medina, da Agência Inforpress ***

Porto Novo, 20 Mar (Inforpress) – A mobilização de água para a agricultura no município do Porto Novo, em Santo Antão, constitui um dos maiores desafios com que se debate este sector, declararam hoje agricultores porto-novenses.

A propósito do Dia Mundial da Agricultura, que se assinala hoje, a Inforpress ouviu as associações de agricultores no município do Porto Novo, que apontaram a mobilização de água como uma das principais inquietações, numa altura em que a escassez de água é evidente em quase todos os vales.

Praticamente em todos os vales, os agricultores queixam-se da insuficiência de água para a agricultura, conforme constatou a Inforpress.

Na Ribeira das Patas, o maior vale agrícola do Porto Novo, a actividade agrícola depende da água das nascentes, cujos caudais têm estado a diminuir de ano para ano devido à seca que fustiga este concelho.

O presidente da Associação para o Desenvolvimento Integrado da Ribeira das Patas, Arlindo Delgado, apontou a necessidade de o Governo investir na mobilização de água para travar o declínio da agricultura nesse vale, devido à carência da água.

Em Alto Mira, os agricultores pediram a mobilização de água subterrânea para suprir a carência na zona de Faial e do terceiro povoado.

O líder dos agricultores, Idarlino Fortes, lembrou que os lavradores enviaram um abaixo assinado ao Ministério da Agricultura e Ambiente a pedir a execução de um furo em Alto Mira.

Também em Jorge Luís, o presidente da associação dos agricultores, Otelindo Santos, informou que a principal preocupação dos lavradores se prende com a necessidade de se investir na mobilização de água, propondo a recuperação de um furo local que está inoperante há 20 anos.

Na Ribeira da Cruz, mais exactamente em Morro Cavalo, o presidente da associação local dos agricultores indicou igualmente a falta de água como a principal inquietação dos lavradores, tendo sugerido a execução de um furo nesse perímetro agrícola.

Chã de Norte é uma outra zona cujos agricultores se mostram preocupados com a escassez de água, sugerindo igualmente a execução de mais um furo, o segundo, na localidade.

Na Ribeira das Patas, o Ministério da Agricultura e Ambiente tem em carteira o projecto de ordenamento dessa bacia hidrográfica, que pode arrancar ainda no decorrer deste ano, no âmbito do qual se prevê a execução de cinco furos, conforme o delegado deste ministério no Porto Novo. 

A mesma fonte admitiu também a possibilidade de o furo em Jorge Luís ser recuperado no quadro do projecto de ordenamento da bacia hidrográfica Jorge Luís/Ribeira da Cruz.  

O Governo já anunciou um programa de perfuração no Porto Novo que prevê a execução de 15 furos em todo o concelho.

Também, o Governo propõe mobilizar, já a partir deste ano de 2025, cerca de 1.100 metros cúbicos de água por dia no município do Porto Novo com a implementação do projeto de dessalinização de água para agricultura.

O projeto, que já está a ser implementado, representa um investimento de mais de 600 mil contos e prevê a irrigação de aproximadamente 100 hectares de terrenos na zona de Gamboeza, na zona periurbana do Porto Novo.

Apesar da seca persistente, Porto Novo dispõe de mais de duas dezenas de sistemas de produção de água para agricultura (furos e nascentes) que permitem mobilizar, diariamente, cerca de dois mil e quinhentos metros cúbicos de água para irrigar mais de 80 hectares de terrenos, referem dados oficiais a que a Inforpress teve acesso.

Para atenuar a falta deste recurso natural, tem-se apostado na massificação da rega gota a gota, que abarcou nos últimos dez anos, mais de 700 agricultores nos diferentes vales agrícolas.

Dados disponibilizados pelos serviços locais do Ministério da Agricultura e Ambiente dizem que um total de 698 agricultores utiliza o sistema de rega gota-a-gota no concelho do Porto Novo.

Foram já mais de 98 hectares abrangidos com este sistema de irrigação.

Ao todo, Porto Novo possui uma área coberta com rega gota-a-gota à volta de 160.8 hectares de terrenos, com uma taxa de cobertura de 60,5 por cento (%).

JM/AA

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