Perfil: Helena Duarte, a ‘luso-cabrera’ que há 26 anos escolheu Boa Vista para viver e ensinar

Inicio | Sociedade
Perfil: Helena Duarte, a ‘luso-cabrera’ que há 26 anos escolheu Boa Vista para viver e ensinar
05/10/25 - 07:49 pm

Sal Rei, 05 Out (Inforpress) – A professora Helena Duarte atraída pelo mistério da África, trocou a juventude em Portugal e aventurou-se há 26 anos naquilo que descreve como um "chamamento" e a curiosidade de leccionar num país africano de língua portuguesa.

Helena Margarida Casal Duarte chegou à Boa Vista em Novembro de 1999, com apenas 26 anos. O que começou como uma missão de cooperação e atracção pela mentalidade, o clima, as pessoas e as cores da África, transformou-se numa vida.

Hoje, mais de um quarto de século depois, a Helena, professora, mulher e mãe, considera-se também uma ‘luso-cabrera’, uma identidade forjada entre o sol árido, dunas e o amor pelo ensino.

Já na sua chegada à sala de aula houve surpresas que a fascinaram, o primeiro "choque cultural" foi a farda, e o aspecto formal dos alunos que se levantavam para a cumprimentar, coisa que no seu país só se via nas escolas privadas. Sentiu que tinha chegado ao seu "ideal de leccionar".

Lecionar a Língua Portuguesa num contexto onde o crioulo da Boa Vista é a língua materna, diferente do crioulo de Santiago que conheceu na universidade, exigiu adaptação, mas nunca distanciamento.

Helena Duarte destaca que desde o início sentiu que a ligação cultural e a informação circulam activamente, sobretudo através do futebol, onde os seus alunos são "mais sabedores do que muitos portugueses em Portugal".

“Eu sou professora porque eu gosto de estar com os alunos”, referiu, afirmando que o seu legado não se resume a notas, mas à capacidade de transformar a relação com os estudantes, exemplificada na amizade com um ex-aluno.

O compromisso de Helena Duarte ultrapassou as funções em sala de aula. Ao longo das décadas, assumiu cargos de responsabilidade no sistema educativo, como coordenadora de disciplina de Português e subdirectora pedagógica, antes de se fixar no quadro docente de Cabo Verde em 2014.

Para além do ensino, o seu currículo revela uma profunda imersão cultural, conhecedora da história, costumes e tradições da ilha, sendo reconhecida localmente como uma “RP e influencer andante”.

A progressão na carreira, contudo, tem sido condicionada por um factor burocrático. A professora possui o Mestrado em Gestão da Informação e Bibliotecas Escolares, mas aguarda o seu reconhecimento total para subir ao topo da carreira que lhe foi prometida.

Helena brinca que “cooperou ao mais alto nível" e que a sua integração pessoal foi total, referindo-se ao relacionamento que teve com um cabo-verdiano do qual nasceram os dois filhos. O que concretou a sua identidade, com dupla nacionalidade define-se como uma "luso-cabo-verdiana" que se sente em casa nos dois países.

Ao celebrar o Dia Mundial do Professor, 05 de Outubro, enfatiza a importância da profissão que é a "mãe de todas as outras", e o resumo que faz desses 26 leccionados é que "o melhor está por vir".

O seu conselho para quem pondera seguir este caminho é directo: “Se a pessoa estiver preparada para uma grande aventura, venha.”

Para Helena Duarte esta foi a "maior aventura" da sua vida, uma experiência que "valeu a pena" e a transformou para sempre.

MGL//CP

Inforpress/Fim

Partilhar