Cidade da Praia, 05 Out (Inforpress) – A Associação das Famílias e Amigos de Crianças com Paralisia Cerebral (Acarinhar) e a Associação Colmeia pedem alargamento dos serviços de protecção social às crianças, adolescentes e jovens com paralisia cerebral, exortando a implementação de políticas voltadas ao ensino.
Enquadrado no Dia Mundial da Paralisia Cerebral assinalado domingo, 06 de Outubro, a presidente da Acarinhar, Teresa Mascarenhas, ao ser contactada pela Inforpress, apontou a insuficiência do subsídio atribuído pelo INPS (Instituto Nacional da Previdência Social) e ausência de políticas para integração dessa população no sistema de ensino como os maiores entraves.
Teresa Mascarenhas referiu, por outro lado, à falta de respostas alternativas como Centro de Acolhimento, Centro de Dia e Capacitação para inclusão aliado a problemas de acessibilidade física e comunicativa.
A associação Acarinhar com uma equipa formada por oito pessoas, acompanha um total de 250 crianças e adolescentes com paralisia cerebral em todo o território nacional, com programas associados à arte e inclusão para os utentes e os familiares.
“Neste momento estão a dedicar mais à parte artística porque na parte terapêutica há alguns sítios que dão resposta a nível da fisioterapia, embora a fisioterapia seja para as crianças pequenas porque os mais crescidos é difícil terem acesso” alertou, realçando o projecto BA-Cultura que trabalha a inclusão através da arte.
A falta de transporte acessível e técnicos especializados fazem parte das reivindicações desta estrutura associativa, reiterando que o País não tem dados estatísticos sobre a quantidade e a situação de crianças e jovens que vivem nesta condição neurológica.
A presidente da Acarinhar pontuou que aproximadamente existe em média entre dois a três mil casos, acrescentando que no mundo, em cada mil crianças que nascem vivas, cerca de 2,8 têm paralisia cerebral.
A presidente da Associação Colmeia, Isabel Moniz, avançou que apesar da equipa trabalhar com dificuldades de neurodesenvolvimento de 756 utentes com patologias desde autismo, síndrome de down, síndrome de rett e dificuldade de aprendizagem, a organização acolhe um número significativo de pessoas que apresentam esta diversidade.
A Colmeia realiza semanalmente 300 atendimentos em termos de reabilitação e acompanha, neste momento, 89 casos de crianças e jovens com paralisia cerebral.
Isabel Moniz destacou a criação de políticas públicas no sistema de ensino como uma das necessidades do País, enfatizando que muito embora as questões físicas que comprometem a locomoção, as condições intelectuais podem não estar afectados o que os possibilita a frequentar as salas de aula e melhorar o processo de habilitação.
Segundo a presidente, há uma jovem a frequentar uma formação na Colmeia sobre Aptidão e Despiste Vocacional, uma vez que esteve na escola mas não teve oportunidade e por isso a associação resolveu apostar na formação para trabalhar a reabilitação funcional.
“No seio da Colmeia nós criamos também essas respostas em termos de formação e despistes vocacionais. Estas respostas deveriam ter também no serviço público, ou seja, uma política pública que deveria ser criada para qualquer tipo de diversidade”, defendeu, alertando que a paralisia cerebral é um dos casos críticos em termos de escolaridade e reabilitação social.
Há necessidade do alargamento do sistema de protecção social fornecido pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e a criação de uma cobertura susceptível estendida consoante as necessidades do utente foi uma das sugestões deixada pela Colmeia.
A associação já entregou na Assembleia Nacional, uma petição com o objectivo de criar políticas públicas voltadas para esta condição, uma resposta, disse, que o Estado deve dar ao cidadão.
No entender da Colmeia, deve-se criar um ecossistema voltado para a melhoria das condições de vida dos utentes com paralisia cerebral, com a formação de uma equipa multidisciplinar e multissectorial a trabalhar numa resposta acertada e concertada.
LT/ZS
Inforpress/Fim
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