Porto Inglês, 27 Mar (Inforpress) - Os activistas culturais maienses consideram que a actividade teatral na ilha está numa fase decrescente, com "esfriamento" de vários grupos.
Em conversa com a Inforpress, o activista cultural Agostinho Silva, representante da Associação Pro-Morro, assegurou que há uns anos havia uma "boa dinâmica" teatral na ilha com aparecimento de vários grupos, algo que considerou estar a inverter neste momento.
Conforme apontou aquele activista cultural, a falta de incentivo e a saída dos jovens para outros pontos do país e mesmo para o estrangeiro tem contribuído para o desmantelamento dos grupos, aliás, frisou que a sua associação é uma das visadas.
Agostinho Silva defende que, a aposta deve ser na camada social já com alguma consistência a nível laboral, uma vez que os jovens continuarão a deixar a ilha, principalmente se a situação da falta de oportunidade de emprego persistir como vem sendo realidade no seio maiense.
A falta de um espaço com as condições necessárias para realização de actividades culturais, também consta como um dos grandes constrangimentos para os grupos, defendeu Agostinho Silva, para quem uma ilha que quer apostar no turismo deve também apostar nas infra-estruturas para o sector cultural.
"É preciso também que as autoridades façam a sua parte, porque deixar somente os grupos a lutarem não é a forma mais correcta", notou, lembrando que o seu grupo já participou em algumas edições do Mindel Act e Sal EnCena, o que actualmente considerou ser “complicado”, devido à saída de vários elementos.
Fez saber que a Associação Pro-Morro, tem vindo a apostar nas crianças, no quadro da Bolsa de Acesso à Cultura, mas contou que não tem sido fácil, tendo em conta que alguns frequentam as aulas em período contrário.
Por seu lado, o activista cultural Mário Daniel Tavares ressalvou que, neste momento, denota-se um “resfriamento” dos grupos teatrais na ilha, que, na sua opinião, estão à espera somente do apoio ou incentivo por parte das autoridades.
Lembrou que, já foram realizadas várias sessões de workshops sobre teatro, com a vinda de actores de renome a nível nacional, em que participaram vários elementos dos grupos, mesmo assim a situação está aquém do esperado, por falta de dinamismo dos grupos.
Mário Daniel Tavares corrobora também da mesma opinião de que a saída dos jovens que integravam os grupos teatrais está na base de algum “esfriamento” da actividade teatral, no entanto defendeu que os grupos devem ter a iniciativa própria de conquistar e formar novos elementos.
"Por exemplo, no meu grupo Salina estivemos quatro anos parados, por causa da saída dos elementos por razões diversas, mas mesmo assim continuei à procura de alternativas e hoje já consegui levar o meu trabalho à capital do país", explicou.
Aquele activista deixou um voto de motivação aos grupos para que tenham dinâmicas próprias e não deixarem somente para as entidades governamentais, porque poderá ser tarde demais, caso não fizerem nada hoje.
Realçou que para se ter a visibilidade e conseguir atenção e apoio das entidades é preciso muito trabalho e dedicação mesmo com poucas condições, frisando que a ilha tem jovens talentosos que precisam ser motivados e aproveitados em todos os níveis.
O entrevistado da Inforpress fez saber que para assinalar o dia de hoje, agendou-se a apresentação da peça "Nha cansera ka tem medida", no salão nobre Isaac Pinheiro, acrescentando que pretendem levar esta peça às outras localidades, com vista a incentivar os demais grupos.
WN/ZS
Inforpress/Fim
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