Maio: Em meio à emigração, jovens optam por ficar e apostar no desenvolvimento da ilha

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Maio: Em meio à emigração, jovens optam por ficar e apostar no desenvolvimento da ilha
29/12/25 - 05:55 pm

Porto Inglês, 29 Dez (Inforpress) – Em meio à vaga de emigração jovem vivida na ilha do Maio, há jovens que decidiram permanecer, acreditando no poder da mudança e na importância de uma juventude activa na transformação social, económica e ambiental da ilha.

Se para muitos sair do Maio tem sido a única solução face à escassez de oportunidades, para outros ficar é uma escolha consciente e um compromisso com o futuro da ilha.

É o caso de Joelma Adrião, 27 anos, técnica ambiental, que acredita que uma maior presença de jovens com visão de desenvolvimento pode contribuir para um Maio e um Cabo Verde mais dinâmicos.

Joelma tem dado o seu contributo através do associativismo e do desenvolvimento comunitário, nomeadamente, na Associação Jovens do Morro, promovendo acções ambientais, culturais e recreativas, apesar das limitações financeiras. 

Segundo a jovem, é essencial que os próprios jovens dêem os primeiros passos e assumam responsabilidades na dinamização das suas comunidades.

“É preciso criar parcerias para dinamizar as localidades e realizar acções que impactem não só a comunidade local, mas a ilha como um todo. Não há muitos jovens com voz activa no Maio, empenhados na resolução dos problemas ou na luta por melhores políticas para a juventude”, afirmou.

Na sua perspectiva, pessoas e ambiente caminham juntos, sublinhando que, enquanto reserva mundial da biosfera, a ilha do Maio tem vindo, ainda que de forma gradual, a promover uma maior educação ambiental entre os jovens, o que considera um passo importante para o desenvolvimento sustentável.

Outra jovem que decidiu ficar é Jassy Silva, também de 27 anos, natural da localidade de Barreiro, uma das zonas mais afectadas pela saída da população jovem. 

Segundo relatou, a emigração preocupa, uma vez que, actualmente, são menos de dez jovens na localidade.

“Se continuarmos neste ritmo, a ilha vai ficar com uma população envelhecida, sem força jovem para impulsionar o desenvolvimento”, alertou.

Jassy tem contribuído através de acções de educação ambiental, procurando envolver as pessoas em actividades geradoras de rendimento associadas à protecção do meio ambiente. 

Para além disso, assume-se como uma voz activa na ilha, defendendo que é necessário criticar quando for preciso, mas sobretudo agir e propor soluções concretas.

A jovem reconhece que os poucos jovens que permanecem na ilha têm dado algum contributo, mas defende que é urgente criar melhores condições para fixar a juventude. 

Entre as principais preocupações apontadas estão a necessidade de melhores transportes, reforço dos serviços de saúde, criação de empregos para os jovens, estímulo ao empreendedorismo e políticas eficazes de formação profissional.

Apesar das dificuldades, tanto Joelma Adrião como Jassy Silva acreditam que, com mais atenção às políticas de juventude e com maior envolvimento dos jovens na vida comunitária, é possível inverter o cenário de abandono e construir uma ilha onde as pessoas tenham orgulho em viver, com melhores condições de vida e perspectivas de futuro.

RL/HF

Inforpress/Fim

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