Líder da Atlantic Shipping “satisfeito com o desempenho da companhia (c/vídeo)

*** Por Luís Carvalho, da Agência Inforpress ***

Cidade da Praia, 14 Ago (Inforpress) – O líder da companhia marítima Atlantic Shipping, Victor de Pina, diz-se “satisfeito” com o desempenho da empresa e instado sobre o interesse no mercado interno para o transporte de passageiros e cargas promete falar para o ano.

“Talvez no próximo ano a gente fale. Neste momento não posso”, disse Victor de Pina em resposta à pergunta do jornalista sobre a possibilidade da entrada da Atlantic Shipping no mercado interno.

O presidente do conselho de administração (PCA) da Atlantic Shipping revelou, em entrevista exclusiva à Inforpress, que a companhia já transportou mais de um milhão de volumes de pequenas encomendas que os cabo-verdianos nos EUA enviam para os familiares no País. 

Além de pequenas encomendas, a Atlantic Shipping tem também transportado viaturas e cargas comerciais na linha que liga Cabo Verde aos Estados Unidos de América, país que acolhe a mais antiga comunidade cabo-verdiana na diáspora.

“Transportamos, anualmente, à volta de 45 a 50 mil volumes por viagem”, indicou Victor de Pina, acrescentando que a empresa criada em Fevereiro de 1995 já efectuou mais de 194 viagens, entre ida e volta.

Quando fundamos a Atlantic Shipping, acrescenta Victor de Pina, a intenção era “melhorar o transporte marítimo entre os Estados Unidos e Cabo Verde, para servir essas duas grandes comunidades”.

Acrescenta que o desafio da sua companhia marítima é o de prestar o melhor serviço possível aos clientes, tanto nos Estados Unidos, como em Cabo Verde.

“Estamos crescendo e com um objectivo bem determinado, que é servir a nossa comunidade [nos Estados Unidos]”, enfatizou o presidente da Atlantic Shipping, que reforça ser esta a missão da sua empresa.

A distância que separa os EUA das ilhas de Cabo Verde, segundo a fonte da Inforpress é “enorme”, mas a Atlantic Shipping tem contribuído para encurtá-la, realizando viagens regulares entre os dois países.

A pouco e pouco a Atlantic Shipping tem alargado as suas actividades.  De um único armazém nos EUA, agora tem três a operar em Brockton, Fall River e Pawtucket “sempre com o objectivo de melhor servir” as comunidades cabo-verdianas ali residentes.

Recentemente, a Atlantic Shipping inaugurou o seu primeiro armazém em Cabo Verde, situado na Cidade da Praia, respondendo, assim, a uma proposta que lhe foi feita em 2022, para fazerem a entrega das cargas aqui em Cabo Verde, a partir dos seus próprios armazéns.

O armazém da Praia está equipado com dois scanners ultramodernos, conforme revelou Victor de Pina, acrescentando que esta infra-estrutura custou mais do que tinham previsto, “portanto, perto de um milhão de dólares, incluindo os equipamentos”.

“Trata-se de um investimento bem-sucedido, porque os benefícios que traz aos nossos clientes são enormes”, acentuou a fonte da Inforpress, afirmando que anteriormente estes tinham dificuldades de vária ordem no porto e, agora, tudo é tratado num único lugar.

“Aqui [no armazém], o nosso cliente entra, sai com a carga e pronto. Acabou. Não tem que lidar com mais ninguém. Portanto, tudo está integrado para prestar o melhor serviço de pequenas encomendas aos nossos clientes”, concluiu o presidente da Atlantic Shipping, para quem os clientes merecem o investimento que foi feito.

“Depois da capital, vamos expandir para São Vicente e Fogo, e também na Praia vamos adicionar mais um armazém ao lado do actual”, indicou Victor de Pina, um natural da ilha do Fogo que em 1978 decidiu emigrar para as terras do “Tio Sam”.

Com a modéstia que lhe é peculiar, o empresário, que se considera apenas um empregado dos clientes da Atlantic Shipping, acha que, pessoalmente, “não tem relevância”.

“Eu trabalho para os clientes da Atlantic Shipping”, enfatizou Victor de Pina.

A Atlantic Shipping já teve cinco barcos e, agora, só dispõe do “Shipping Express” que, neste momento, já se encontra de novo a caminho de Cabo Verde, trazendo as encomendas enviadas pelos emigrantes aos familiares. A sua chegada está prevista para o dia 19 deste mês, mas vai depender do estado do tempo, que pode levar o navio a fazer o desvio da rota.

“Normalmente, o nosso barco faz entre 12 a 13 dias de viagem dos Estados Unidos para Cabo Verde”, revelou Victor de Pina, acrescentando, porém, que tudo dependerá do estado do tempo.

O projecto de entrega das encomendas ao domicílio aqui em Cabo Verde, lançado entre Maio e Junho, está numa numa fase inicial.

“São opções que nós queremos dar aos nossos clientes, ou seja, que as encomendas sejam entregues em casa”, realçou o PCA da Atlantic Shipping, defendendo que os clientes podem pagar através do aplicativo da empresa, que aceita todos os tipos de cartões de crédito.

No fundo, Victor de Pina quer que os clientes não tenham de se preocupar com nada.

“O cliente é que manda. Decide como quiser”, remata.

A Atlantic Shipping já esteve na linha Açores-Cabo Verde, mas deixou de o fazer. Depois passou a ter linha directa, para o Haiti e, há três anos, deixou de ir a este país, por causa da segurança.

Instado sobre a contribuição da Atlantic Shipping no desenvolvimento de Cabo Verde, sobretudo do Fogo e Brava, Victor de Pina assegurou que estas duas ilhas são das maiores beneficiárias da referida empresa.

Além de receberem encomendas enviadas pelos familiares, o “Shipping Express” transporta ainda cargas comerciais para construção e reconstrução das casas dos pais, portanto, pessoas que, eventualmente, queiram voltar a residir em Cabo Verde.

“Nós somos um elo importante para que esses sonhos dos nossos emigrantes sejam realizados”, indicou Victor de Pina.

Entre Cabo Verde e os EUA existe uma ligação centenária, pois, de acordo com registos, no século XVIII chegaram os primeiros emigrantes a Nantucket.

Registos históricos indicam que, por volta de 1750, navios baleeiros americanos aportavam regularmente a Cabo Verde e, em 1840, mais de 40 por cento dos caçadores de baleias de Nantucket eram cabo-verdianos.

LC/HF

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