Antigo PR diz que o Desastre da Assistência deve ser lembrado como uma das tragédias humanas em Cabo Verde (c/áudio)

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Antigo PR diz que o Desastre da Assistência deve ser lembrado como uma das tragédias humanas em Cabo Verde (c/áudio)
02/07/25 - 11:49 am

Cidade da Praia, 02 Jul (Inforpress) – O antigo Presidente da República Pedro Pires defende que o Desastre da Assistência, ocorrido há 76 anos, deve ser lembrado como uma das tragédias humanas registadas em Cabo Verde no passado.

“A tragédia do muro da assistência deve servir para uma reflexão sobre a nossa história, porque, por vezes, nós esquecemos da nossa história, ela foi trágica”, disse Pedro Pires.

O antigo Presidente da República fez estas considerações, ao ser abordado pela Inforpress, à margem de uma conversa alargada para assinalar os 50 anos das eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, para se pronunciar sobre o Desastre de Assistência de 1949, na cidade da Praia, em que morreram centenas de pessoas que aguardavam por uma única refeição quente do dia.

Pires classifica este acontecimento como a “mais terrível catástrofe” de todos os tempos registada em Cabo Verde, pelo que, defende que a data devia ser assinalada com actos oficiais na Assembleia Nacional.

Para o efeito, avançou o antigo chefe de Estado, deve haver uma discussão entre os deputados e partidos políticos com assento parlamentar, para que deem atenção ao caso do Desastre de Assistência e, de uma forma geral, os períodos de fome que grassaram o País.

Foi a 20 de Fevereiro de 1949 que esta tragédia bateu sobre a capital cabo-verdiana, mais concretamente na localidade da Várzea da Companhia, onde foi construído um barracão para servir refeições quentes aos indigentes que o procuravam para matar a fome.

“A história de Cabo Verde está marcada por tragédias e por dificuldades enormes”, frisou o antigo chefe de Estado, para quem os cabo-verdianos não devem esquecer essas tragédias que marcaram o seu passado.

O combatente da liberdade da Pátria lembrou que entre 1940 a 1942, cerca de metade da população da ilha do Fogo morreu de fome.

“Isso é uma tragédia, mas quem se lembra disso? Interroga-se Pedro Pires, mencionando outras ilhas, como São Nicolau e Santo Antão que também muito afectadas por crises agrícolas e fomes.

Para Pedro Pires, os cabo-verdianos da sua geração têm sido perseguidos pelo fantasma da fome.

“A questão da fome marca-nos como, há dias disse uma socióloga, é uma espécie de trauma transgeracional”, apontou Pires.

Durante as fomes, milhares de cabo-verdianos nunca souberam onde é que os seus entes queridos foram enterrados. Muitos corpos apodreceram nas achadas, nos covões e nas furnas à beira mar.

LC/CP

Inforpress/Fim

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