Cidade da Praia, 17 Mai (Inforpress) – Jedilson Barreto é um jovem de 32 anos que resolveu dar “um basta” ao uso de drogas e declara-se hoje um vencedor, após passar por momentos conturbados e concluir que não tinha sonhado com isso na sua vida.
À Inforpress este jovem contou que teve que ir parar à Comunidade Terapêutica Granja São Filipe, uma unidade residencial especializada no tratamento e reinserção social de indivíduos dependentes do álcool e outras drogas, porque perdeu o domínio sobre uso de substâncias.
“Perdi o controlo porque comecei a consumir com 14 anos, ainda no Liceu, de forma mais sociável, mas só que”, explicou, sublinhando que foi perdendo o controlo à medida que consumia mais drogas.
Entre os 18 e 19 anos, altura em que começou a sair mais nas paródias, disse que como consequência passou a consumir mais bebidas alcoólicas e por volta dos 20 a 22 anos já usava a cocaína, inicialmente de forma mais tranquila, ou seja, aos finais de semana, e depois foi tornando uma prática diária, e sem controlo.
“E aí comecei a praticar a criminalidade para sustentar o meu vício, porque perdi claramente o controlo, e passei a usar uma outra substância, a ´pedra´”, revelou, acrescentando que a partir desse momento percebeu que a sua vida acabou, uma vez que passava dias sem dormir, os pais sofriam por sua causa, assim como a sociedade.
Isto porque, confessou, os pais sempre lhe ensinaram a ser um bom rapaz, transmitiam-lhe bons valores em casa, sendo ele o filho mais novo e o único que desenvolveu a dependência. Por outro lado, entende que a sociedade o condenava, porque também, reconheceu, estavam afrontados com ele pela prática de roubo.
“Então resolvi dar um basta, pensando que nunca tinha sonhado com isso na minha vida. Fiz dois internamentos, primeiro através do meu irmão que insistiu comigo para procurar ajuda, após seis meses saí, e voltei para o consumo, porque não trabalhei tudo o que tinha para trabalhar, fazendo o meu tratamento como deve ser”, esclareceu.
Da segunda vez, prosseguiu, foi a sua consciência que o conduziu a procurar novamente o tratamento, que durou desta vez três meses.
“Porque estava sufocado com aquela vida e até tentei suicidar, e graças a Deus, Ele não me deixou ir, e me deu mais uma chance de dar uma reviravolta na minha história. E então tomei consciência de que devia lutar mais um pouco pela minha vida”, realçou.
Agora, seguindo o lema “Nunca Experimentar”, afirmou que saiu recuperado e se sente um vencedor, e tem como propósito de ajudar também os outros a saírem da dependência.
“Porque não sabemos até onde as substâncias ilícitas podem nos levar”, reforçou”, apelando aos que ainda não usaram essas substâncias a nunca experimentarem ou se já experimentaram para procurarem um caminho em direcção à saída.
Jedilson Barreto, hoje a estudar o segundo ano de Psicologia, e a trabalhar, assegurou que a sua vida voltou ao estado normal, e faz parte de muitas fundações, inclusive, a Fundação Garra de Gá da Lomba, também jovem recuperado de drogas, e tem músicas que transmitem mensagens de recuperação.
“Considero-me um vencedor, porque um dia estive no fundo do poço, mas consegui sair daquele poço, com ajuda de várias pessoas e instituições”, admitiu, apontando o Ministério da Família que lhe concedeu uma bolsa de estudo, a Comissão de Coordenação do Álcool e outras Drogas (CCAD) que tem apoiado os seus projectos junto das comunidades, da Granja, e da Câmara Municipal da Praia, através do projecto de acção social Anjos da Noite, que tem intervido.
Segundo o mesmo, foi "muito gratificante" ver a alegria dos seus pais com a sua recuperação, tornando-se “num cidadão livre” que já pagou por tudo o que fez e agora quer dar o seu contributo, levando mensagens para os que hoje estão em sofrimento devido ao uso de substâncias ilícitas e ainda têm dificuldades de sair desta situação.
ET/JMV
Inforpress/Fim
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