Santa Maria, 17 Jun (Inforpress) - Márcia Souto considera que foi “desafiante”, mas necessário, exaltar o centenário de Amílcar Cabral, no colóquio e no festival, momento que também mereceu recordar o cinquentenário do 25 de Abril e o quinto centenário de Luiz de Camões.
Márcia Souto, da Rosa de Porcelana Editora, organizadora do Festival Literatura Mundo (FLMSal), falava no encerramento da sexta edição do Festival Literatura Mundo - Sal, que este ano homenageou Amílcar Cabral em tributo ao centenário do seu nascimento.
“Foram dias que nos marcaram sobremaneira, na medida em que a tribuna era livre e libertária, além de terem dado enorme contributo para homenagear o líder multidimensional e o visionário da transtemporalidade histórica, Amílcar Cabral”, disse Márcia Souto.
“Os nossos convidados fruíram da ilha do Sal e trocaram experiências humanas com os que vivem na ilha”, acrescentou Márcia Souto, completando ainda que referenciaram Amílcar Cabral em estudos, elogios, citações, em representação teatral e música.
Destacando que a dimensão do futuro está entre os objectivos do festival, a par de reflectir e debater a literatura-mundo e de projectar o Sal e Cabo Verde, a organizadora anunciou que para o ano de 2025, ocasião da sétima edição do festival, os homenageados serão Alda de Espírito Santo, de São Tomé e Príncipe, António Agostinho Neto, de Angola, Noêmia de Souza, de Moçambique e Onésimo Silveira, de Cabo Verde.
“Não nos podemos coibir de assinalar dentro do escopo alargado do cooperativismo literário que o ano de 2025 é efeméride do cinquentenário das independências nacionais, de Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe”, justificou.
Assim, continuou, essas escolhas exigem, desde logo, alguma reorganização do certame para “melhor trabalhar a vida e obra dessas figuras escolhidas”, contextualização das suas participações nos processos históricos que levaram às descolonizações e às independências desses quatro países, assim como suas correlações comparativistas com a literatura-mundo, que é um objecto central do festival.
A mesma concluiu dizendo que o “momento era de alegria, por mais uma etapa realizada no FLM-Sal, destacando a expectativa de continuar na senda de realizar “mais e melhor”, sem esquecer que a projecção cultural do festival e a sua afirmação em Cabo Verde e no mundo exigem outros cuidados e novas responsabilidades.
Por sua vez, em nome dos convidados, Ana Paula Tavares, aproveitou a ocasião para agradecer à equipa organizadora, pela “eficiência” em organizar dois momentos nesta edição para homenagear Amílcar Cabral.
“Toda a gente já conhece o Festival do Sal e que este ano foi antecedido pela comemoração do centenário de Amílcar Cabral (…) assistimos aqui sobre a forma de comunicações, mesas redondas, interrogações dos assistentes, respostas dos inquiridos, a uma troca de informação e de conhecimento que nos tornou mais ricos”, sublinhou.
Ana Paula Tavares concluiu apelando que Amílcar Cabral seja mais incensado, e transformado em património mundial da humanidade, mas “que os seus ensinamentos sejam a prática diária de todos”.
Por sua vez, o edil salense Júlio Lopes, que presidiu ao acto de encerramento do festival, destacou que o FLM-Sal “é algo inédito em Cabo Verde, pela sua continuidade e qualidade”.
“Além da emoção há muita resiliência e muita capacidade para estarmos a organizar esta 6ª e depois no próximo ano a 7ª edição do festival e com efeitos visíveis”, disse.
Para o autarca, o Colóquio Internacional sobre América Cabral e o Festival de Literatura Mundo, todos dedicados a Amílcar Cabral “foi de facto uma decisão acertada, num momento importante” e com uma metodologia livre para que cada um possa expressar a sua opinião.
O FLM Sal, projecto criado por Filinto Elísio, José Luís Peixoto, Márcia Souto e Patrícia Pinto, teve a sua primeira edição em 2017, com homenagens ao poeta cabo-verdiano Corsino Fortes e ao escritor português José Saramago, com uma extensão do evento no Brasil, numa parceria com o Fórum das Letras de Ouro Preto.
NA/ZS
Inforpress/Fim
Partilhar