Espargos, 08 Jul (Inforpress) – A ilha do Sal acolheu hoje o lançamento de um projecto destinado a impulsionar o turismo de natureza e gerar emprego local, acto presido pelo ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva.
Trata-se do projecto “Promover a conservação e restauração de ecossistemas costeiros”, através da valorização de espaços naturais protegidos, iniciativa tendente a fortalecer a conservação da natureza nas reservas da Ponta Sinó e Costa Fragata, harmonizando-a com o desenvolvimento do turismo sustentável.
O projeto, com duração de 36 meses, concentrará esforços na proteção de áreas que, apesar de sua importância ecológica, sofrem com o impacto do fluxo turístico.
"São áreas protegidas que merecem ter todo o reforço das ações de conservação e em simultâneo, harmonizar com as atividades do turismo, ou seja, a valorização destas áreas através do turismo” afirmou o ministro.
Entre as principais acções previstas, destacam-se a melhoria da resiliência dos ecossistemas, com o projecto a buscar tornar as áreas protegidas mais resistentes à produção natural e às diversas perturbações, incluindo o impacto do turismo.
Serão também implementadas medidas para optimizar os acessos e a sinalética, além de controlar a quantidade de turistas em áreas sensíveis e a criação de um centro interpretativo e pontos de observação.
Gilberto Silva enfatizou “a abordagem sistémica" do projecto, que busca não apenas reforçar a resiliência dos ecossistemas, mas também prepará-los para um desenvolvimento mais adequado do turismo de natureza.
Por seu turno, o diretor da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), António García, reiterou o “firme compromisso” da cooperação espanhola com a transição ecológica como pilar central de sua ação externa de desenvolvimento.
Salientou que países insulares como Cabo Verde, embora pequenos em território, são “extremamente vulneráveis” às mudanças climáticas, que ameaçam tanto a natureza quanto às atividades económicas.
Por isso destacou que a nova lei de Cooperação Espanhola prioriza uma transição ecológica justa, que não só beneficie o planeta, mas também crie oportunidades de emprego e desenvolvimento económico para as populações.
O plano diretor da Cooperação Espanhola para 2024-2027 estabelece Cabo Verde como país prioritário, visando promover políticas que favoreçam o turismo sustentável, a resiliência climática e o uso responsável dos recursos naturais.
O diretor da AECID ressaltou o impacto da colaboração público-privada, um elemento essencial para a conservação dos recursos costeiros e o desenvolvimento económico sustentável.
António Garcia destacou que o projeto representa um compromisso mútuo entre Espanha e Cabo Verde com um modelo de desenvolvimento turístico sustentável, baseado na proteção da biodiversidade, justiça climática e criação de emprego local.
Mencionou o investimento significativo das instituições envolvidas, com aproximadamente metade dos 880 mil euros concedidos pela Cooperação Espanhola.
A Costa da Fragata, na ilha do Sal, é uma reserva natural vital para a biodiversidade de Cabo Verde, abrangendo quase 2.700 hectares, a maioria marinhos, com 346 hectares terrestres.
A área é crucial para a reprodução de aves marinhas e um dos principais locais de desova de tartarugas marinhas no país, com cerca de 6.000 ninhos registados em 2024.
A área enfrenta desafios como a pressão do desenvolvimento turístico e o risco de inundações devido à subida do nível do mar.
A conservação das dunas na Costa da Fragata é essencial para o fluxo de areia que alimenta as praias do sudoeste da ilha, incluindo Ponta Sinó e Santa Maria.
Este novo projeto, com a cooperação espanhola e outros parceiros, visa intensificar esses esforços de conservação.
A expectativa é que, ao final do projeto, as reservas da Ponta Sinó e Costa Fragata estejam em melhores condições para conciliar a conservação ambiental com a geração de emprego e o impulsionamento de um turismo consciente e respeitoso com a natureza.
NA/AA
Inforpress/Fim
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