Cidade da Praia, 10 Jul (Inforpress) – O trabalhador da CV Handling e delegado sindical Ailton Martins acusou hoje a administração da empresa de adoptar atitudes de represálias e de não demonstrar interesse em cumprir o acordo laboral assinado em Março deste ano.
Este responsável, que falava à imprensa durante a greve de quatro dias, iniciada hoje, da CV Handling, no Aeroporto Nelson Mandela, por falta de pagamento de subsídios, afirmou que no último encontro com a administração esperavam discutir uma nova proposta que permitisse um entendimento entre as partes.
Segundo referiu, no último encontro simplesmente queriam saber sobre os serviços mínimos e apresentaram uma escala diária como se fosse de serviço normal.
“Ou seja, estamos em greve, mas querem todos os trabalhadores a trabalhar”, sintetizou.
O delegado denunciou ainda práticas que alegadamente violam o Código Laboral, nomeadamente o artigo 120, que proíbe a deslocação de trabalhadores de outros serviços ou estabelecimentos para substituir trabalhadores em greve.
“Isso é uma violação clara da lei, mas o administrador diz ter um entendimento diferente”, sublinhou.
Segundo Ailton Martins, a empresa terá feito deslocar um trabalhador da ilha do Sal, familiar da diretora de operações, para colmatar as faltas provocadas pela adesão à greve.
Além disso, acusou a administração de convocar funcionários que estavam de folga e de coagir trabalhadores recém-contratados a não aderirem à paralisação.
"Temos pessoas que deviam sair do trabalho às 01:00 da madrugada, mas saíram às 04:00, só para não participarem na greve, temos também trabalhadores novos que foram ameaçados de que não pode abandonar o posto de trabalho”, afirmou
“Infelizmente, é essa a realidade que nós temos, a empresa assina um documento e depois não cumpre, e acaba por colocar em causa não só a Direcção-geral do Trabalho, como o próprio documento produzido”, lamentou.
Adiantou que na Praia são cerca de 150 trabalhadores, mas, entretanto, reconhece que alguns não participaram por medo de represálias, especialmente os que têm contratos mais frágeis.
“Em relação ao serviço mínimo apresentámos uma contraproposta que foi recusada, agora, aguardamos a possível solicitação da requisição civil”, disse.
O representante sindical garantiu ainda que o sindicato está a preparar uma queixa junto da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pretende impugnar o documento que, segundo ele, está a ser sistematicamente desrespeitado.
Ainda segundo a mesma fonte, apenas um balcão de check-in estava a funcionar no aeroporto da Praia e o voo TACV 606 com destino a Lisboa partiu com uma hora de atraso.
“Se a empresa não tentar negociar e a situação não se resolver, continuaremos com a nossa luta e iremos marcar uma nova greve até que reconheçam o nosso valor e nos deem o mínimo de respeito enquanto trabalhadores”, garantiu.
Por sua vez, a presidente do Sindicato dos Transportes, Telecomunicações, Hotelaria e Turismo (Sitthur), Joaquina Almeida, criticou duramente a postura da administração.
“É uma empresa que explora os trabalhadores e só pensa no lucro, mas é preciso lembrar que são os trabalhadores que produzem esse lucro e estão apenas a exigir o normal um subsídio noturno, porque trabalham durante a noite”, indicou.
Os trabalhadores reivindicam, assim, a melhoria do subsídio noturno e do subsídio de risco, “compromissos assumidos pela empresa em Março”, mas que, até ao momento, “continuam por cumprir”.
AV/AA
Inforpress/Fim
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