Frequentador do Farol Dona Maria Pia afirma que monumento “nunca foi feliz no restauro”

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Frequentador do Farol Dona Maria Pia afirma que monumento “nunca foi feliz no restauro”
11/07/25 - 12:15 pm

Cidade da Praia, 11 Jul (Inforpress) – O subchefe-principal da Polícia Nacional, na reforma, Felipe Varela, presença habitual no Farol Dona Maria Pia, afirmou hoje que o monumento histórico, procurado como ponto de refúgio e meditação, “nunca foi feliz no restauro”.

Em declarações à Inforpress, Felipe Varela, frequentador do farol desde 1977, criticou algumas das intervenções realizadas, apesar dos investimentos ao longo dos anos.

“Eu venho aqui desde 1977 e sempre protegi este lugar. Venho cá fazer a minha meditação para que eu possa sair do barulho dentro da comunidade”, afirmou, explicando que usufrui da brisa do mar e, por vezes, até toma banho na lagoa.

“Porque aqui é um lugar atractivo para quem quer meditar e ter a paz com ele mesmo”, ressaltou.

Apesar da forte ligação ao espaço, o reformado da PN criticou o resultado dos trabalhos de restauro, apontando falhas na execução do projecto original.

“Aqui sempre teve afluência e, para ser sincero, o farol nunca foi feliz no restauro. É investido muito dinheiro, mas como está não podia estar”, lamentou.

Entre os elementos que considera mal-executados, apontou a escolha dos materiais como um dos principais problemas.

“Por exemplo, nestas áreas aqui deveriam ser metálicos, porque foram colocadas estas cordas e ferro que já começaram a degradar”, indicou.

No que diz respeito ao piso, o reformado referiu que o piso no exterior deveria ser pavês, como estava no plano.

“Era melhor, porque nem tudo que foi projectado foi executado. E porquê, então? Fica a questão, tendo em conta que o dinheiro era para isso”, vincou o visitante, questionando também a solução encontrada para o saneamento.

“Fizeram uma fossa e, quando encher, é para ser aberta novamente para ser esvaziada”, disse.

O pôr do sol, uma das maiores atracções do farol, também tem sido afectado por construções na orla marítima.

Apesar das críticas, reconheceu a importância do espaço como zona de lazer e bem-estar para os moradores da capital.

Por seu lado, Wilson Silva, guia de serviço no Farol Dona Maria Pia, avançou à Inforpress que o ponto turístico tem sido muito visitado com destaque para a presença frequente de portugueses e franceses, atraídos pela sua história, tranquilidade e vista privilegiada sobre o mar.

De acordo com o funcionário, o farol recebe, em média, entre 60 a 70 visitantes por mês, maioritariamente estrangeiros.

“Temos estado a receber muitos turistas aqui, franceses e portugueses geralmente, e por vezes americanos, mas na sua maioria portugueses”, explicou.

O momento preferido para as visitas é o final da tarde, altura em que os turistas aproveitam para contemplar o pôr do sol e desfrutar da brisa fresca do mar.

Além da paisagem, o interesse pela história do farol também marca presença entre os visitantes, sobretudo os portugueses, que, segundo Wilson Silva, muitas vezes já chegam bem informados.

“Já trazem muitas informações. Quando chegam já contam histórias sobre o farol e vou aprendendo junto com eles”, partilhou.

Segundo Wilson Silva, os turistas demonstram ainda curiosidade pela cultura cabo-verdiana em geral, colocando algumas questões ao guia, embora o foco principal continue a ser a contemplação do espaço físico, conhecido pelo seu ambiente calmo e acolhedor.

Refira-se que o Governo de Cabo Verde elevou, em Março, o Farol Dona Maria Pia à categoria de Património Cultural Nacional reconhecendo o seu papel histórico na orientação de embarcações desde o século XIX.

TC/HF

Inforpress/Fim

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