Cidade da Praia, 13 Set (Inforpress) – O presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição), Francisco Carvalho, promoveu hoje uma conversa aberta com moradores de vários bairros da Cidade da Praia, e acusou o Governo de “dez anos perdidos” para Cabo Verde.
Durante a conversa aberta realçou a importância da escuta activa aos cidadãos como base para uma governação centrada nas reais necessidades da população.
Durante o encontro, que decorreu num ambiente participativo, Francisco Carvalho sublinhou que “um dos momentos mais importantes da política é ouvir os munícipes”, escutando as suas preocupações, sonhos e expectativas.
Segundo o também presidente da Câmara Municipal da Praia, é com base nesse contacto directo que os representantes políticos devem formular medidas concretas para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
“Estou aqui na qualidade de presidente do PAICV, mas também como representante do povo. O nosso partido tem um programa de governação que deve responder, antes de mais, aos problemas do dia a dia dos cabo-verdianos”, afirmou.
Entre os principais problemas apontados pelos munícipes, destacam-se as dificuldades no acesso à saúde e à educação.
O actual presidente do maior partido da oposição alertou para a crescente gravidade da situação na área da saúde, observando que a capacidade de resposta do Estado está “aquém das necessidades da população”.
No domínio da educação, foram partilhadas queixas que vão desde o pré-escolar até ao ensino superior.
“Muitas famílias não conseguem pagar a formação superior dos seus filhos, o que constitui um problema estrutural. Se não formarmos os nossos jovens no presente, estamos a comprometer o futuro do país”, advertiu.
Outra preocupação recorrente apresentada pelos cidadãos tem a ver com os transportes inter-ilhas, nomeadamente a ligação entre Santiago e as outras ilhas.
O líder do PAICV garantiu que todas as reivindicações estão a ser registadas e serão integradas na agenda política do partido, caso venha a assumir responsabilidades governativas.
Francisco Carvalho aproveitou ainda o momento para fazer um balanço crítico do actual ciclo governativo, defendendo que os últimos dez anos foram de retrocesso para o país.
“Estamos a andar para trás. Muitos dos problemas que pensávamos já resolvidos, como a questão da energia eléctrica, voltaram a ser uma realidade”, afirmou, referindo-se a queixas de instabilidade no fornecimento de electricidade em alguns bairros da capital.
Criticou igualmente a postura de alguns governantes que, segundo disse, “só aparecem nas vésperas das eleições” e desaparecem durante o mandato.
O político apontou, como exemplo, a recente medida do Governo de apoiar no pagamento de propinas do ensino superior, sem sustentabilidade a longo prazo.
“O Governo não tem uma política pública séria que permita aos estudantes atravessarem o curso com estabilidade e dignidade. Quando as dificuldades apertam, não há apoio. As medidas surgem apenas em ano eleitoral”, criticou.
Francisco Carvalho encerrou a conversa deixando uma mensagem de esperança e compromisso com os cabo-verdianos.
“Temos um grande trabalho pela frente, mas vamos fazê-lo com alegria e sentido de missão. Há espaço para trabalhar e transformar a realidade das pessoas”, finalizou.
KA/SR/ZS
Inforpress/Fim
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