São Filipe, 03 Jun (Inforpress) – A coordenadora residente das Nações Unidas em Cabo Verde, Patrícia Portela, deu início hoje à segunda fase do projecto de segurança humana com realização de um “workshop” que reuniu representantes de cinco ilhas.
Durante a abertura do “workshop” de São Filipe, Patrícia Portela destacou que a segurança humana vai além da actuação policial e envolve acesso à educação, saúde, moradia digna, água, energia e oportunidades económicas, elementos fundamentais para uma vida com dignidade.
A dimensão da segurança humana é uma dimensão holística e a ideia do “workshop” é juntar participantes de São Vicente, Sal, Boa Vista, Santiago e Fogo para trocar experiências.
Segundo a mesma, o programa é organizado pela Organização das Nações Unidas contra Drogas e Crime (ONUDC) e pela ONU Habitat e traz metodologias, abordagens e ferramentas, para que as comunidades, juntamente com as autoridades públicas, instituições públicas, sector privado, associações comunitárias, possam se reunir e fazer um diagnóstico de cada comunidade e quais são as dimensões que precisam ser abordadas, e construir, colectivamente, um programa para enfrentar os desafios que têm no campo da segurança humana.
A iniciativa já beneficiou municípios como Boa Vista, Sal e Praia, com sucesso, e esta é a segunda fase.
A ideia é que as pessoas que viveram a primeira fase do projecto continuem a implementar as acções, mas também alargá-la aos municípios de São Filipe, São Vicente e Praia.
O bairro de “Beltches”, em São Filipe, serve como modelo de transformação e a coordenadora das Nações Unidas espera que dentro de um ano, esta comunidade vulnerável seja transformada num pólo cultural e económico, através do trabalho conjunto com o poder público, o sector privado e os agentes culturais.
A moderadora do painel, Kelly de Pina, explicou os sete pilares do programa, nomeadamente económica, ambiental, segurança pública, alimentar, comunitária, política e saúde e sublinhou que quando se fala de segurança humana, a ideia é sempre ter as pessoas no centro, porque no passado pensava-se mais nas nações e no nível do Governo e das câmaras municipais.
“Agora a ideia é ter as pessoas no centro para que possam realizar actividades que beneficiam e dignificam as pessoas para que possam ter uma vida digna em sociedade”, disse.
Segundo a mesma, as sete dimensões que compõem o programa de segurança humana são vocacionais e têm a pessoa no centro e devolvem a dignidade às pessoas como o centro das políticas que são elaboradas com envolvimento dos diferentes parceiros.
“Temos experiências fantásticas que serão relatadas pelos municípios, pelos técnicos dos municípios, pelas comunidades, pelas organizações da sociedade civil que estiveram presentes na primeira fase”, disse a moderadora do painel que enfatizou que a tendência é fazer mais e melhor.
"Uma crise em qualquer área afecta todo o sistema", exemplificou Kelly de Pina, citando como a seca impacta a segurança alimentar, a frequência escolar, o acesso à saúde e, de uma forma geral, a segurança humana.
Após a realização do “workshop” os próximos passos passam pela criação de gabinetes de gestão integrada, formação de líderes comunitários e professores, mobilização de novos parceiros e financiadores.
JR/HF
Inforpress/Fim
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