São Filipe, 10 Set (Inforpress) – A delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente anunciou a intensificação da estratégia de combate à lagarta-do-cartucho do milho, praga que afecta fortemente as culturas de sequeiro, especialmente o milho.
O delegado do Ministério da Agricultura e Ambiente, Estevão Fonseca, em entrevista à Rádio de Cabo Verde, na sequência das reivindicações dos agricultores dos Mosteiros a exigirem apoio do ministério no combate às pragas, disse que a estratégia passa por uma abordagem “moderna e sustentável”, privilegiando a luta biológica como alternativa à intervenção química extensiva.
“Temos um laboratório de produção de inimigos naturais aqui no Fogo, onde produzimos o tricograma, um pequeno insecto que ataca os ovos da lagarta. É uma tecnologia nova, recomendada pela FAO, usada hoje em vários países desenvolvidos, e que tem mostrado resultados satisfatórios nos últimos anos”, explicou o delegado.
Até agora, a libertação destes inimigos naturais já cobriu mais de 150 hectares de área de cultivo de milho de sequeiro na ilha do Fogo, com reforço recente da produção para atender ao aumento da demanda nesta fase crítica da campanha agrícola.
A atuação do Ministério da Agricultura e Ambiente é acompanhada por um trabalho contínuo com os agricultores, envolvendo capacitação técnica, orientação no terreno e disponibilização de meios e equipamentos para apoio à luta fitossanitária.
O delegado destacou que o combate às pragas nas parcelas de sequeiro e irrigadas é, em primeira linha, responsabilidade dos próprios agricultores.
“Onde temos tido colaboração dos agricultores, os resultados são melhores. Num contexto de mudanças climáticas, não há como fazer agricultura sem pragas. O que defendemos é uma luta integrada, que combine o controlo manual, a luta biológica e só recorra à intervenção química quando estritamente necessário”, afirmou.
Estevão Fonseca acrescentou que a perceção técnica actual não indica uma infestação alarmante da lagarta-do-cartucho-do-milho neste momento, mas reforçou a importância de intervenções localizadas e sustentáveis, com foco na segurança alimentar e na saúde humana.
Por outro lado, o Ministério da Agricultura e Ambiente aguarda pela queda mais expressivas de chuvas no perímetro florestal de Monte Velha para dar início à campanha de reflorestação, que prevê a plantação de 12 mil espécies florestais, incluindo plantas endémicas e variedades com maior resistência a incêndios e à seca.
No sector pecuário, decorre uma campanha de desparasitação massiva e gratuita dos ruminantes, que já beneficiou mais de 1.500 animais e 60 criadores em diferentes zonas dos municípios de São Filipe e Santa Catarina e ainda esta semana a campanha deverá abranger os criadores dos Mosteiros e inclui orientações sobre melhores práticas de manuseamento dos animais, sobretudo no período de seca.
O delegado reforçou que a assistência técnica é contínua e apelou aos agricultores e criadores para manterem o contacto directo com os serviços do Ministério da Agricultura e Ambiente, de modo a facilitar o envio de equipas e o acompanhamento personalizado nas zonas de maior necessidade.
JR/AA
Inforpress/Fim
Partilhar