Cidade da Praia, 08 Ago (Inforpress) – O presidente da CCS considerou hoje que a criação de uma empresa de transportes marítimos para a região Fogo/Brava é uma “intenção válida” apesar de se declarar não defensor de “investimentos públicos” em Cabo Verde.
“É uma intenção válida, porquanto existem as ineficiências óbvias em relação aos transportes interilhas, especialmente em ligação Fogo e Brava, com a Praia. É um projecto que tem alguma frente positiva, mas eu não sou muito apologista dos investimentos públicos em Cabo Verde e tenho manifestado isso, pois acho que os privados são os motores do desenvolvimento”, disse o presidente da Câmara de Comércio de Sotavento (CCS), Marcos Rodrigues.
Marcos Rodrigues, que falava à Inforpress a propósito do projecto para a criação de uma empresa de transportes marítimos anunciada pela Associação dos Municípios da Região Fogo/Brava, realçou ainda que já é tempo de os privados gerarem condições para criarem empresas.
“Mas onde não pode estar o privado, ou seja, onde não há massa crítica suficiente ou rentabilidade suficiente, o Estado e os municípios podem co-participar no desenvolvimento de empresas e criar espaço para o seu desenvolvimento até que os mercados sejam mais maduros e que os privados possam tomar conta totalmente do negócio”, acrescentou.
Neste particular, sugere que os municípios, ao avançar com a ideia, têm a obrigatoriedade de fazer entrar os privados no negócio e fazer uma gestão de “alta excelência e muito profissionalizada”.
“Não pode ser uma gestão meramente ocasional, tem de ser uma gestão de alta qualidade, porque sabemos os problemas que existem na gestão dos transportes, seja marítimo ou aéreo”, asseverou, sublinhando tratar-se esta de uma recomendação da Câmara do Comércio que pretende acompanhar a situação passa-a-passo.
Apesar de afirmar não conhecer o projecto e nem estudos de viabilidade para saber como é que se faz a sustentabilidade da empresa durante os primeiros anos da sua implementação é de opinião que, com esta solução, pode-se resolver o problema de viagens entre as ilhas do Fogo e Brava
Questionado sobre o porquê de os privados não terem ainda apresentado nenhum projecto neste sector, Marcos Rodrigues afirmou que a questão dos transportes é um negócio “muito complexo e com muitas nuances de probabilidades negativas”.
“Os privados, como devem calcular, quando entram em qualquer negócio a sua primeira acção é a rentabilidade. E como não viram ainda uma rentabilidade óptima no negócio, não entram. Mas é um negócio que, havendo uma participação dos municípios, pode ajudar fortemente na alavancagem”, explicou.
Entretanto, manifestou a sua disponibilidade em apoiar a iniciativa, desde que lhe sejam entregues todos os dados e informações necessárias, alegando que a Câmara do Comércio de Sotavento tem a responsabilidade do desenvolvimento empresarial na região, pelo que recomenda aos actores as medidas de precaução a serem tomadas.
As ilhas do Fogo e Brava há muito que vêm sendo penalizadas com as viagens marítimas, gerando problemas de deslocação dos doentes e até falta de produtos e bens alimentares.
PC/HF
Inforpress/Fim
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