São Filipe, 13 Jun (Inforpress) - A Empresa Intermunicipal de Água do Fogo e da Brava, Aguabrava, registou um prejuízo acumulado de cerca de 350 mil contos nos últimos seis anos com fornecimento de água para agricultura e pecuária, disse hoje o seu administrador.
Rui Évora falava em entrevista à Inforpress, tendo sublinhado que o preço da venda de água para irrigação, próximo dos 61 escudos por tonelada, é “muito inferior” ao custo da produção e exploração, que ronda os 200 escudos por metro cúbico.
“A diferença entre o custo real da água e o preço praticado na venda para o sector agrícola e pecuária tem provocado prejuízos acumulados de cerca de 350 mil contos nos últimos seis anos, sendo 63 mil contos apenas em 2024”, precisou Rui Évora.
Para o responsável da Aguabrava, essa diferença tem sido, na prática, subsidiada pelos consumidores urbanos, o que representa “uma injustiça evidente”.
Considera insustentável que a empresa continue a suportar sozinha os encargos financeiros do sistema de rega e advogou que a empresa não tem capacidade e condições para assumir, em exclusivo, o preço da água para rega.
Para Rui Évora é necessário a intervenção de outras entidades para capacitar a empresa para continuar a assumir a responsabilidade pelo sistema de água de rega.
“Quando falo na capacitação não deve ser entendida apenas com atribuição de compensações financeiras à empresa, mas também como um apoio para implementar algumas medidas e criar as condições para reduzir os custos de produção e exploração de água”, disse o administrador da Águabrava, que defende investimento em energias renováveis.
Entre as soluções e medidas a serem apontadas, Rui Évora defende a expansão do uso de energias renováveis, incluindo a combinação de energia solar com eólica, além de um estudo técnico para identificar as melhores alternativas de captação de águas subterrâneas, que possam gerar ganhos de eficiência e sustentabilidade.
Nos últimos anos, a Aguabrava executou cinco furos de captação de água subterrânea, com quatro já concluídos, dos quais três em funcionamento e o quarto furo, em Chã das Caldeiras, será equipado este ano, incluindo a construção do sistema de abastecimento associado.
O quinto furo de captação de água não foi concluído pela empresa contratada por razões técnicas, segundo o administrador/delegado.
Apesar das dificuldades operacionais, a empresa garante que a quantidade de água disponível é suficiente para atender à procura da ilha.
A produção diária situa-se entre 4.400 e 4.500 metros cúbicos, volume que, segundo Rui Évora, poderia ser mantido ou até ampliado com novos investimentos em infra-estrutura e perfurações, algo que, neste momento, está fora do alcance da empresa devido à sua fragilidade financeira.
“Infelizmente a empresa não está em condições financeiras para continuar a execução de mais furos de água subterrânea”, concluiu.
JR/CP
Inforpress/Fim
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