Fogo: Adega Sodade com queda na produção de vinho em relação à vindima do ano passado – Eduíno Lopes

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Fogo: Adega Sodade com queda na produção de vinho em relação à vindima do ano passado – Eduíno Lopes
15/08/25 - 11:07 am

São Filipe, 15 Ago (Inforpress) – A adega Sodade dos vitivinicultores de Achada Grande, Relva e Corvo (Mosteiros) registou queda na produção de vinhos, sobretudo branco, em relação à vindima do ano passado disse hoje o responsável da adega, Eduíno Lopes.

A baixa produção de vinho deve-se, segundo explicou, a uma queda “significativa”, este ano, na produção das videiras, atingindo apenas cerca de 55 por cento (%) da colheita de 2024.

Além disso, o responsável da adega Sodade, disse que aliada à baixa produtividade, somou dificuldades logísticas com avaria na prensa, que o obrigou a vender uva branca, o que implicou a não produção de vinho branco.

Segundo Eduíno Lopes, além da menor produção, possivelmente devido a factores climáticos, um incidente técnico envolvendo a prensa da adega impediu a transformação de uvas brancas em vinho, forçando a venda antecipada de uma pequena porção da colheita.

“Este ano só conseguimos produzir vinho tinto, mas ainda temos branco do ano passado em stock”, explicou.

O maior problema vai além da produção sazonal e está relacionada com a inacessibilidade às zonas altas de Corvo, Achada Grande e Relva, tradicionalmente férteis, o que dificulta tanto o transporte de insumos quanto a mobilização de mão de obra jovem.

Actualmente, os proprietários precisam deslocar-se de carro até Penedo Rachado e, a partir daí, caminhar até as suas parcelas agrícolas ou caminhar cerca de duas horas directamente às zonas altas, o que, segundo Eduíno Lopes, “é muito difícil”.

“É uma região com grande potencial, mas sem acesso não há como atrair jovens para trabalhar. Os mais velhos já não conseguem, e os que têm algum recurso não investem porque é caro transportar tudo a pé”, alertou Eduíno Lopes.

Há mais de duas décadas que a construção de uma estrada de acesso é prometida, mas, segundo o mesmo, “nada acontece até hoje”.

A proposta de um trajecto partindo de Cutelo Alto poderia atravessar toda a região e permitir que os proprietários ampliassem a plantação de videiras e outras culturas como feijão, batata e frutas diversas, advogou Eduíno Lopes.

Por outro lado, disse que a falta de transporte regular entre a ilha do Fogo e as outras ilhas afecta a comercialização dos produtos.

Há dificuldades constantes para atender encomendas de outras ilhas e do exterior, com pedidos vindos de países como Canadá, Brasil, Holanda, Portugal e Estados Unidos ficando sem resposta devido à inexistência de meios de envio adequados, revelou.

“Os clientes não vão esperar meses por uma encomenda. Sem transporte, perdemos mercado. O vinho da adega não tem onde ser armazenado noutras ilhas e isso está a tornar tudo economicamente inviável”, segundo Eduíno Lopes.

O responsável da adega Sodade, constituída por dezenas de produtores dos Mosteiros, apela às autoridades, local e nacional, com responsabilidade no sector para avançar com a construção “urgente” do acesso carroçável às zonas altas.

“Além de facilitar o cultivo e a comercialização, a medida poderá revitalizar a agricultura local, gerar renda e evitar que terras férteis permaneçam abandonadas por falta de condições mínimas de acesso”, disse o responsável da adega que indicou que muitos proprietários com alguma condição não investem porque estão desmotivados e sem interesses devido a inexistência de acesso às zonas altas.

A Inforpress apurou que a Associação para o Desenvolvimento do Fogo (Afosol) já mobilizou 250 mil euros, mais de 27 mil contos cabo-verdianos, junto de uma instituição parceira, para co-financiar projectos estruturantes de infra-estrutura no município dos Mosteiros.

O valor mobilizado junto da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias destina-se a co-financiar o projecto de desencravamento das zonas altas dos Mosteiros, uma área de grande relevância agrícola e com potencial para produção de vinha, café e outras fruteiras.

O investimento será destinado a apoiar a edilidade dos Mosteiros na construção dos traçados Cutelo Alto/Penedo Rachado e Cutelo Alto/Perímetro de Monte Velha, que somam pouco mais de sete quilómetros de estradas.

JR/HF

Inforpress/Fim

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