Cidade da Praia, 19 Mar (Inforpress) - A quarta edição do Festival Literário Morabeza - Festa do Livro de Cabo Verde, aberta hoje na cidade da Praia, homenageia o linguista e ex-ministro da Cultura Manuel Veiga pelo contributo que deu ao sector da cultura.
O anúncio foi feito pelo ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, que justificou esse gesto do executivo com o reconhecimento a uma figura, que, conforme afirmou, ajudou a construir os contornos da identidade cabo-verdiana através do debate pela língua.
O governante frisou que Manuel Veiga foi um ministro que muito sofreu com o “menino Abraão Vicente”, salientando que, na altura, o mesmo “teve a paciência e a nobreza de nos ensinar” com a sua resiliência e persistência numa temática que lhe é tão cara, a língua cabo-verdiana.
“O baptizamos como ministro da língua. Estava constantemente a escrever nas crónicas, nos blogs, na altura que ele só sabia e só queria saber da língua cabo-verdiana. Que não cuidava da música e da literatura, que não via os espectáculos musicais. E ele manteve a sua persistência apresentando um vastíssimo currículo de investigação, de promoção do livro, de promoção dos outros que investigavam sobre o livro, de um debate constante na imprensa, mas também através da sua obra literária”, disse.
Neste sentido, Abraão Vicente salientou que Manuel Veiga foi e está a ser uma figura que ajudou a construir os contornos da identidade cabo-verdiana através do debate pela língua cabo-verdiana.
“É com certo contentamento que eu vejo hoje a normalização de figuras de Estado a dizer que queremos a oficialização da língua cabo-verdiana em paridade com a língua portuguesa. Uns anos atrás não era assim”, sustentou.
Abraão Vicente lembrou que o durante o actual mandato o Governo deu um passo que “o próprio Manuel não pôde fazer no seu consulado”, enquanto ministro da Cultura, que foi a elevação da língua cabo-verdiana a património imaterial cabo-verdiano, mas que muito se deveu ao seu contributo.
Contudo, salientou que o tributo a Manuel Veiga, o investigador, o cientista da língua, o activista não é só pela oficialização da língua cabo-verdiana, mas também pelo seu “enormíssimo” contributo para a consolidação das instituições que formam e conformam o Ministério da Cultura.
“Pelo seu tremendo trabalho no Instituto do Património Cultural, através da Direcção do Património Material, para que figuras como Tomé Varela tivessem, de facto, todas as condições para uma recolha ampla e nacional daquilo que é o nosso património consolidado”, sustentou.
Considerado especialista e um dos maiores estudiosos e obreiros da valorização da Língua Cabo-verdiana, Manuel Veiga nasceu no concelho de Santa Catarina, ilha de Santiago, Cabo Verde, em 27 de Março de 1948.
Além do cargo de ministro da Cultura, Manuel Veiga, que actualmente padece de problemas de saúde, foi docente universitário e desempenhou as funções de responsável do Departamento de Linguística do Ministério da Educação, director-geral da Cultura, director-geral do Património Cultural e presidente do Instituto Nacional da Cultura.
A quarta edição do Festival Literário Morabeza - Festa do Livro de Cabo Verde prossegue até ao dia 22, e durante quatro dias reúne escritores nacionais e internacionais de renome.
MJB/CP
Inforpress/fim
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