Santa Maria, 09 Abr (Inforpress) - O ex-Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, salientou hoje no Sal que é preciso que haja uma filtragem de dados em meio a abundância de informações que se tem notado com a proliferação das novas tecnologias.
Jorge Carlos Fonseca teceu estas considerações na sua apresentação no painel “Promovendo a integridade de informação” durante o segundo dia da conferência internacional sobre a “Liberdade, democracia e boa governança”, que terminou hoje na ilha do Sal.
Segundo argumentou, a saúde das democracias dos estados de direito, está nas mãos dos jornalistas, lembrando que, contrariamente daquilo que se pode pensar, que com a proliferação de fontes de informação de redes sociais diminui a importância do jornalismo, é exatamente o contrário.
“Cada vez mais importante o papel daquele que se dedica realmente com seriedade e com objetividades, a tarefa de informar verdadeiramente, e eu entendo que mesmo os poderes públicos têm investido muito na formação e no aprofundamento da cultura da liberdade e da democracia junto dos agentes da imprensa”, sublinhou.
“A imprensa livre é um dos três pilares fundamentais do estado de direito ao lado da independência do poder judicial e de uma sociedade civil forte capaz de ser um instrumento de fiscalização de todos os poderes”, acrescentou.
Para finalizar, o Presidente da República de Cabo Verde entre 2011 e 2021 aconselhou os profissionais da comunicação a estarem atentos, “com filtros” e as organizações a investirem na formação para evitar o populismo.
Neste primeiro painel do dia, a professora universitária, cientista política e especialista em migração, Sarah Boukri, pôs a tónica nos "Efeitos das notícias falsas no fenómeno migratório".
Conforme a mesma fonte, devido ao avanço das tecnologias digitais, há cada vez mais dificuldade em distinguir o verdadeiro do falso, “numa era onde a eficácia das notícias é medida por ‘likes’”.
“Embora as ‘fake news’ não sejam algo novo, os conteúdos veiculados prejudicam particularmente os migrantes, prejudica a gestão da crise e cria desinformação sobre os migrantes em função da sua proveniência”, revelou Sarah Boukri.
O director da Organização Europeia de Direito Público, professor Spyridon Flogaitis, por seu turno, falou sobre a integridade da informação e dos riscos num contexto de informações e variedade de ideias.
“A informação desde sempre desempenhou um papel fundamental na história desde tempos antes de Cristo e ajudou a ganhar batalhas, mas com a Inteligência Artificial e tecnologia ganhou nova dimensão que pode levar facilmente à manipulação política e de carreiras”, advertiu.
Já o ministro da Presidência do Conselho de Ministros e Assuntos Parlamentares da Guiné-Bissau, Malal Sané, considerou que Cabo Verde conseguiu alcançar “grandes resultados” a nível da democracia e boa governança, lamentando, entretanto, que o seu país não tenha chegado ainda a esse nível.
Para terminar o segundo e último dia da conferência esteve em debate o painel sobre o tema “Promovendo a boa governança e a transparência na gestão da dívida pública”, a cargo do vice-presidente do banco de Investimento e Desenvolvimento da CEDEAO (BIDC), Mory Soumahoro, do director de Governação Económica do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), David Kevin Lumbila, juntamente com o representante da Corporação Financeira Internacional do Banco Mundial (IFC), Karamba Badio, e da conselheira da Divisão de Direito Fiscal e Financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI), Mia Pineda.
A moderar o painel esteve o governador do Banco de Cabo Verde, Óscar Santos.
NA/CP
Inforpress/Fim
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