Eletra aponta captação de água do mar e elevado consumo energético como principais desafios

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Eletra aponta captação de água do mar e elevado consumo energético como principais desafios
21/05/25 - 01:53 pm

Cidade da Praia, 21 Mai (Inforpress) – O administrador executivo da Electra, Antão Cruz, apontou hoje, na cidade da Praia, a captação da água do mar e o elevado consumo de energia como os principais desafios do país na produção de água dessalinizada.

Em declarações à imprensa à margem do seminário nacional sobre dessalinização, Antão Cruz explicou que cada ilha tem uma realidade diferente em capacitação com metodologias que variam entre mar aberto e captação em terra por meio de furos, o que acarreta exigência distintas devido a fauna, flora e qualidade da água.

“O principal desafio que nós aqui enfrentamos é os pontos de conexão de água. Portanto, nós temos que ir buscar a água do mar para tratar e para fazer a produção da água doce para consumo humano, mas a captação é o ponto crítico de tudo”, afirmou, sublinhando que há necessidade de proteger a zona litoral e apostar em energias mais baratas.

Para Antão Cruz, a transição energética é fundamental nesse processo, uma vez que a dessalinização por Osmose Inversa [processo de tratamento de água que utiliza uma membrana semipermeável para remover sais e outros contaminantes, transformando água salgada em água doce potável] consome menos energia do que métodos tradicionais como a destilação térmica.

O impacto ambiental da rejeição da água do mar dessalinizada, conforme indicou, é “quase zero”, garantindo que embora exija cuidados em zonas protegidas, “estudos indicam que não há grandes preocupações nesta matéria”.

Apesar dos avanços, lembrou que os dessalinizadores não podem parar e que parando, há necessidade de um processo de limpeza que implica tempo e custos.

Destacou o desafio do fornecimento energético contínuo para garantir a produção, o que limita o uso isolado de fontes renováveis como solar, embora haja esforços para combinar energias renováveis com baterias e energia eólica.

Sobre a distribuição da água, explicou que “não há falta de água”, mas sim uma distribuição por zonas e eventuais avarias e garantiu que há quatro unidades dessalinizadoras que estão a funcionar para garantir a produção contínua.

Por sua vez, o diretor comercial da empresa Aquaquímica, Luís Pereira, considerou que os desafios na manutenção das dessalinizadoras são grandes. “Converter a água salgada em água doce já é um desafio”, afirmou.

Segundo disse, “há várias tecnologias que, por razões da qualidade da água do mar que tem uma tendência para incrustação, é corrosiva, tem excesso de cloretos e de sódio que exigem equipamentos que ao longo do tempo se deterioram”.

Relativamente à adaptação da população cabo-verdiana, Luís Pereira considerou que estão “bem-adaptados” à dessalinização.

“Cabo Verde, infelizmente, não tem outra água que não seja dessalinizada (…) eu diria que Cabo Verde lida muito bem com a despenalização, pessoas muito habituadas a usar água dessalinizada”, considerou.

Adiantou ainda que existem planos para alargar a capacidade, referindo-se a projectos para as ilhas Brava, Maio e Boa Vista, entre outros.

Destacou também a qualidade das infraestruturas existentes, incorporadas com "alta tecnologia (…) têm técnicos formados para poderem trabalhar com esses equipamentos”.

O seminário reuniu especialistas, entidades governamentais, académicos e empresas do sector para debater soluções inovadoras e sustentáveis no domínio da dessalinização, com enfoque nas necessidades e oportunidades específicas do arquipélago de Cabo Verde.

DV/PC//AA

Inforpress/Fim

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