Economista manifesta-se “preocupado” com insatisfação económica dos cabo-verdianos

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Economista manifesta-se “preocupado” com insatisfação económica dos cabo-verdianos
28/01/25 - 05:15 pm

Cidade da Praia, 28 Jan (Inforpress) – O economista António Baptista manifestou-se hoje “preocupado” com a insatisfação económica da população cabo-verdiana, destacando que a democracia deve ser encarada como um meio para melhorar a qualidade de vida dos cabo-verdianos.

O economista falava à imprensa sobre o décimo inquérito sobre a qualidade da democracia e da governação em Cabo Verde: “Condições económicas e satisfação com a democracia”, que concluiu que 65 por cento (%) dos cabo-verdianos consideram que o país está na direcção errada.

O estudo aponta ainda que a maioria dos inquiridos, ou seja, 84 % da população, considera que os políticos pouco ou nada fazem para ouvir as suas opiniões e preocupações, demonstrando um descontentamento generalizado com a forma como os líderes lidam com o povo.

Segundo o economista, a insatisfação dos cabo-verdianos reflecte-se na percepção deficitária das condições económicas com consumidores, famílias e empresas, a enfrentarem um clima de incerteza e insegurança, o que prejudica o investimento e o consumo.

Avançou que essa insatisfação tem impactos directos no curto prazo, levando as pessoas a adiarem consumos, a desejarem emigrar e as empresas a alongar investimentos.

Considerou que ao viver, no curto prazo, sem uma visão de longo prazo, deixa-se de criar as condições necessárias para o desenvolvimento sustentável do país num ambiente de incerteza que impede o consumo, desmotiva o investimento e dificulta a materialização das metas ambiciosas prometidas pelos sucessivos Governos.

O economista sublinhou que o país necessita de estabilidade económica e de uma visão estratégica de longo prazo para gerar confiança, estimular o consumo e atrair investimentos, garantindo assim um ambiente favorável ao progresso económico e social de Cabo Verde

Por seu turno, o analista político António Ludgero Correia expressou grande preocupação com o crescente apoio da população cabo-verdiana a um regime militar.

“É muito interessante porque nos dá o retrato da realidade do que a gente nem imaginava, o cabo-verdiano tido como democrata, na vanguarda da África, está aberto a ter um Governo formado por militares que tomam o poder pela força”, apontou.

No seu entender, este fenómeno é, em grande parte, o reflexo das tensões políticas que têm acontecido nesta região.

Defendeu que a solução para essa tendência passa pela reestruturação do sistema educativo, abordando não apenas as escolas, mas também o papel das famílias e da sociedade no fortalecimento dos valores democráticos.

O analista político destacou ainda a necessidade urgente de repensar o conceito de democracia no país, não apenas como uma forma de governo, mas como um factor fundamental para a estabilidade e coesão sociais.

Para finalizar, propôs uma reformulação do sistema de ensino em Cabo Verde, com o objectivo de formar não apenas técnicos, mas cidadãos conscientes e comprometidos com os princípios democráticos.

AV/HF

Inforpress/Fim

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